Discurso de Trump teve aprovação de 57% dos americanos

Por Gazeta News

trump AFP
[caption id="attachment_138562" align="alignleft" width="300"] Trump: mudança no tom deu resultado. Foto: AFP[/caption]

A imprensa americana e mundial repercutiu o discurso de Donald Trump ao Congresso, na noite da última terça-feira, 28, de maneira quase unânime, classificando a fala como mais "conciliadora" e num tom mais "ameno". Contudo, é consenso também que a forma mais institucional do presidente se apresentar não impediu o conteúdo polêmico e direto de suas frases.

O discurso de Trump agradou 57% dos entrevistados que assistiram ao debatem segundo pesquisa da CNN/ORC, e também aos investidores. Asbolsas de Nova York abriram em alta nesta quarta-feira, 29,. A Dow Jones iniciou o dia acima dos 21 mil pontos, com alta de0,94% e aNasdaq abriu em alta de0,81%.

Confira trechos destacados pelo presidente em seu discurso:

Imigração

Sobre imigração e as polêmicas medidas adotadas por seu governo, Trump destacou o desenvolvimento econômico com geração de emprego e renda para os norte-americanos como prioridade. "Acredito que uma reforma real e positiva da imigração é possível desde que nos concentremos nos seguintes objetivos: melhorar os empregos e os salários dos norte-americanos, para reforçar a segurança da nossa nação, e restaurar o respeito pelas nossas leis".

Mesmo menos enérgico no tom, Trump reafirmou sua promessa de campanha e disse que vai antecipar a construção do muro na fronteira com o México. "Vamos iniciar em breve a construção de um grande muro ao longo da nossa fronteira do sul. Vai começar antes do programado e, uma vez terminado, vai ser uma arma muito eficaz contra o crime e a droga".

Terrorismo e segurança

Sobre o combate ao terrorismo, o presidente deixou claro que está declarando guerra ao Estado Islâmico. "Como prometido, instruí o Departamento de Defesa para desenvolver um plano para demolir e destruir o ISIS (Estado Islâmico) – uma rede de selvagens sem lei que tem massacrado muçulmanos e cristãos, homens, mulheres e crianças de todas as religiões e crenças. Vamos trabalhar com os nossos aliados, incluindo os nossos amigos e aliados do mundo muçulmano, para erradicar da face da Terra este vil inimigo".

Trump afirmou que vai continuar trabalhando para garantir segurança aos EUA. "Não podemos permitir que uma 'base' de terrorismo se forme dentro dos Estados Unidos – não podemos permitir que a nossa nação se torne um santuário para extremistas. É por isso que a minha administração tem trabalhado para melhorar os procedimentos de escrutínio e, em breve, daremos novos passos para manter a nossa nação segura – e manter longe aqueles que podem causar-nos mal".

Trump defendeu sua proposta de orçamento, anunciada na véspera, que prevê um aumento de $54 bilhões de dólares nos gastos militares às custas de cortes em órgãos como o Departamento de Estado. Segundo ele, para manter os EUA seguros, é preciso oferecer aos militares "as ferramentas que eles precisam para evitar a guerra e —se precisar— lutar e vencer".

Além disso, também lembrou do soldado das forças especiais William “Ryan” Owens, morto em uma operação contra Al Qaeda, no Iêmen, a primeira aprovada por Trump desde que tomou posse, no dia 20 de janeiro.

A lembrança a Owens ocorreu em um momento de maior ovação da noite a Trump por parte dos congressistas, enquanto a viúva, Carryn, chorava enquanto aplaudia também.

Economia

O presidente mostrou ainda sua disposição em manter a força econômica dos EUA e criticou acordos comerciais que, segundo ele, enfraqueceram a economia americana. "Perdemos mais de um quarto dos nossos empregos na indústria desde que o Acordo de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA) foi aprovado e perdemos 60 mil fábricas desde que a China aderiu à Organização Mundial do Comércio em 2001".

Por outro lado, o magnata disse que está preparando “uma reforma tributária histórica”, que vai diminuir a taxa de imposto para as empresas e proporcionará um “enorme alívio fiscal” para a classe média. Segundo sua opinião, o país deve “criar um campo justo para as empresas e trabalhadores americanos”.

Em relação aos planos para investir em infraestruturas e criar com isso “milhões de novos empregos”, Trump pediu ao Congresso que aprove uma verba de $1 trilhão de dólares, conforme a construções de “novas estradas, pontes, túneis, aeroportos e ferrovias”.

Donald Trump defendeu a unidade do povo americano e da classe política e conclamou a todos a abraçarem esta "renovação do espírito norte-americano. "A partir de agora, a América vai ser fortalecida pelas nossas aspirações, não sobrecarregada pelos nossos medos – inspirada pelo futuro, e não ligada aos fracassos do passado – e guiada pela nossa visão, e não cega pelas nossas dúvidas. Peço a todos os cidadãos para abraçarem esta renovação do espírito norte-americano. Peço a todos os membros do Congresso para se juntarem a mim e sonharem alto e coisas audazes e ousadas para o nosso país".

Obamacare

Sobre sua promessa de eliminar o conhecido Obamacare, a reforma da saúde do ex-presidente Barack Obama, Trump solicitou aos congressistas que o substituam por um plano que amplie a cobertura médica e reduza os custos dos seguros.“O Obamacare está em colapso e temos que proteger todos os americanos”. Segundo o presidente, revogar o Obamacare não se trata de uma escolha, é uma necessidade. Trump fez um apelo para que tanto republicamos como democratas o ajudem a “salvar o país desse desastre”, possibilitando que os norte-americanos possam escolher o plano que quiserem ter e não o que o governo impuser.

Para isso, o presidente afirmou que vai dar aos governadores estaduais recursos para garantir que ninguém fique de fora e possam ainda tomar medidas para a redução dos custos dos remédios.

Aprovação de americanos a discurso

Era enorme a expectativa para o primeiro discurso oficial do presidente dos EUA, Donald Trump, no Congresso. Entretanto, grande também era o interesse da imprensa americana em saber qual seria a reação dos milhões de espectadores após a noite do dia 28. Ao que parece, o tom ameno do discurso - mesmo sem perder a essência de pontos polêmicos - favoreceu a Trump. Uma pesquisa realizada pela CNN/ORC mostrou que 57% das pessoas que sintonizaram na transmissão do evento aprovaram o desempenho do presidente.

Ainda de acordo com a consulta, quase 7 em cada 10 que assistiram o discurso disseram que as políticas propostas pelo presidente moveriam o país na direção certa. Para outros quase dois terços, Trump tem as prioridades certas para os Estados Unidos. Em geral, cerca de 7 em cada 10 disseram que o discurso os fez se sentir mais otimistas sobre os rumos da nação.

A pesquisa, que entrevistou antes e depois do discurso o mesmo grupo de pessoas, não reflete, necessariamente, segundo a CNN/ORC, a opinião da população americana de maneira geral. Isso porque, na teoria, quem opta por assistir a um discurso político teria a tendência a ser mais favorável ??ao orador.

Sobre questões específicas abordadas no discurso, Trump obteve as melhores notas para as políticas propostas sobre a economia, com 72% afirmando que elas foram na direção certa. Quase outros 70%, disseram o mesmo sobre suas propostas de combate ao terrorismo.

Um pouco menos, mas ainda uma maioria absoluta de entrevistados, concordou que as políticas sobre impostos (64%), imigração (62%) ou cuidados de saúde (61%) defendidas por Trump estavam indo na direção certa. Apesar da aprovação de 57% de forma geral na pesquisa, Trump ficou bem abaixo das avaliações recebidas por seus antecessores: em 2009, 68% tiveram uma reação muito positiva a Barack Obama, enquanto 66% deram opiniões muito positivas a George Bush em 2001.

A consulta CNN/ORC - que tem margem de erro de 4.5% - foi realizada em 28 de fevereiro entre 509 americanos que assistiram ao discurso do presidente Trump.