Displasia Coxofemoral em Cães

Por Dr. Luiz Bolfer

Displasia coxofemoral é um problema comum em cães de raça de grande porte. Todas as pessoas que possuem ou pretendem adquirir um cão de grande porte (Pastor Alemão, Rottweiler, etc) devem se familiarizar com os detalhes desta doença. Quanto maior o cão, maiores são as chances de desenvolver displasia doença, principalmente quando o animal vai envelhecendo. O termo Displasia coxofemoral se refere ao desenvolvimento anormal da articulação do quadril com o fêmur (articulação coxofemoral). Em um quadril normal, a cabeça do fêmur articular-se com o acetábulo (uma espécie de "bocal") localizado na pélvis, rodeado por uma cápsula fibrosa lubrificada, que permite um movimento suave, sem fricção, entre as duas superfícies (Figura 1 e 2). Quando o cão possui displasia coxofemoral, a cabeça do fêmur e o acetábulo não se articulam como deveriam. Na maioria das vezes, o acetábulo deixa de ter a forma de um "bocal" para acomodar a cabeça do fêmur e fica cada vez mais "liso", permitindo o deslizamento do fêmur para fora da articulação (luxação do fêmur). Isso faz com que esta articulação toda se torne instável, e o corpo tenta estabilizar a articulação causando artrite como consequência (Figura 3 e 4). A causa primária de displasia coxofemoral é genética e por isso deve ser prevenida através da criação de animais livres desta doença. O que pode ser difícil uma vez que alguns animais irão demonstrar problemas somente quando se tornarem mais velhos. Além disso, muitos cães não mostram sinais clínicos de desconforto ou dor durante vários anos, mesmo sendo displásicos. Qualquer redução na atividade física, dificuldade para se levantar ou subir escadas, em um cão de grande porte, deve ser levada a sério e ser testada para a presença de displasia através da radiografia do quadril. Existem dois motivos para se realizar o teste para displasia: 1- explicar a causa dos sinais clínicos citados acima, uma vez que existem outras doenças que podem fazer com que seu cão apresente os mesmos. 2- fazer uma triagem antes de iniciar o processo de criação com determinado animal. Caso seu cão não tenha sinais clínicos, e não há interesse em utilizá-lo para criação, não há indicação para radiografias, a não ser que já se saiba que este animal possui displasia, neste caso a radiografia pode ser utilizada para verificar a progressão da doença. Um exame físico com um veterinário é o primeiro passo para identificar problemas articulares. Ele irá estender e flexionar a articulação na procura de crepitação, dor e luxação. Para quem mora nos EUA, existe uma organização chamada OFA (Orthopedic Foundation for Animals) que mantém o controle de criadores através da certificação dos seus animais livres de displasia. Caso você tenha o interesse em adquirir um cão de raça de grande porte, verifique se o criador é certificado pela OFA. Mesmo com todo trabalho sério da OFA, é impossível garantir com 100% de exatidão se o animal irá ou não apresentar problemas no futuro, muitos animais só mostram alterações quando velhos. Caso o seu animal já seja portador da displasia coxofemoral, afaste do cruzamento e mantenha um contato frequente com o veterinário pois existem diversas modalidades de tratamento, incluindo tratamentos cirúrgicos que podem ajudar especialmente no início da doença. O controle da displasia exige o trabalho do veterinário na tentativa de identificar estes animais e aconselhar o não cruzamento, mas também dos proprietários e futuros donos de animais evitando a compra filhotes de criadores não certificados e o cruzamento entre animais displásicos.