Djavan faz primeira turnê nos EUA após seis anos

Por Gazeta Admininstrator

O cantor e compositor Djavan, vencedor do prêmio Grammy, da início à sua turnê norte-americana no Adrienne Arsht Center for the Performing Arts of Miami-Dade County, no dia 6 de junho. Fazendo seu primeiro espetáculo no Sul da Flórida desde o show sold-out (esgotado), de 2001, Djavan vem divulgar seu mais recente trabalho: “Matizes”. O cantor está comemorando 32 anos de uma carreira com 18 álbuns e uma quantidade impressionante de lindas canções gravadas por Al Jarreau, Carmen McRae, The Manhattan Transfer, Eliane Elias, Gal Costa, Chico Buarque, Caetano Veloso, e Stevie Wonder. Nesse novo show, Djavan também vai cantar seus grandes sucessos como “Oceano” e “Eu te devoro”. O show será na sexta-feira, dia 6 de junho, às 8 da noite, no John S. and James L. Knight Concert Hall.

Djavan é reconhecido mundialmente por críticos e músicos de jazz como um dos maiores cantores e compositores do Brasil. O jornal The New York Times o descreveu como “um artista que fundiu vários estilos de uma forma íntima e pessoal, brilhante e completa“. Sua apresentação no palco é “única no mundo”, de acordo com o Los Angeles Times.

Djavan diz que “Matizes” é resultado “da melhor colaboração” com a sua banda em toda a carreira. O novo álbum combina samba, bolero, música cubana e blues. A música do Djavan é feita de harmonias complexas e de lindas melodias originais, que flutuam entre baladas românticas e o jazz. Esse estilo musical, único, já atravessou as fonteiras do Brasil e conquistou fãs no mundo inteiro, com esta mistura de pop, jazz, ritmos africanos, bossa-nova, funk, samba, soul e música do Nordeste brasileiro.
Para esta turnê do Estados Unidos, Djavan estará acompanhado de sete excelentes músicos, incluindo seus dois filhos, João Viana (bateria) e Max Viana (vocais, guitarras elétricas e acústicas), e também de Renato Fonseca (teclados), Marcelo Martins (sax, flauta, vocais), Walmir Gil (trompete, fluge-lhorn, vocais), François de Lima (trombone, vocais), e Sérgio Carvalho (baixo).

Os ingressos para o show de Djavan já estão à venda na bilheteria do Adrienne Arsht Center, pelo telefone (305) 949-6722 ou pelo site www.arshtcenter.org. Os preços variam entre $45 e $85.

História
Djavan Caetano Viana nasceu em 27 de janeiro de 1948, em Maceió, Alagoas, numa família pobre. Cresceu ouvindo sua mãe cantarolar sucessos de Ângela Maria e Nelson Gonçalves. Djavan foi meio-de-campo do CSA (Club Sportivo Alagoano) e, nessa época, aprendeu, sozinho, a tocar violão, ouvindo, olhando e acompanhando as cifras em revistas compradas no jornaleiro.
Com 18 anos de idade, formou o LSD - Luz, Som e Dimensão, conjunto que animava bailes nos clubes, praias, igrejas e onde mais os chamassem, em Maceió. Com 19 anos deixou, definitivamente, o futebol e passou a dedicar-se exclusivamente à música.

Ao dedilhar seu instrumento, percebeu que poderia compor, mas suas composições causavam estranheza aos seus amigos. Esse fato ajudou Djavan a descobrir que, além de gostar de cantar, tinha necessidade de compor. Era preciso, então, tentar a sorte em um grande centro, e o destino escolhido foi o Rio de Janeiro. As dificuldades no começo foram imensas, afinal tratava-se de um negro nordestino que se aventurava em uma cidade grande que não conhecia.

O radialista Edson Mauro apresentou Djavan a Adelzon Alves e este, por sua vez, o apresentou a João Mello, produtor da gravadora Som Livre, que deu ao cantor sua primeira grande oportunidade. Djavan gravou músicas de outros compositores, incluídas em trilhas sonoras de novelas da Rede Globo.

O que ganhava, entretanto, não era o bastante para poder se sustentar, e Djavan precisava completar sua renda. Foi como cantor de boate (Number One em Ipanema e 706 no Leblon) que conseguia se manter. Djavan já era casado e tinha uma filha que havia ficado em Maceió, e seu desejo era poder trazê-los para o Rio. O “Festival Abertura”, realizado em 1975, era a grande chance de mostrar seu talento como compositor. Conquistou o segundo lugar com a música “Fato Consumado”.

Em 1976, lançou “A voz, o Violão e a Arte de Djavan”, seu primeiro LP, que continha a canção “Flor de Lis”, música que colocou Djavan, efetivamente, no cenário nacional. Assinou contrato com o EMI-Odeon, selo para o qual gravou três álbuns: “Djavan” em 1978, “Alumbramento” em 1980 e “Seduzir” em 1981. A crítica e o público começaram a reconhecer os méritos do Djavan compositor. Nana Caymmi (Dupla Traição), Maria Bethânia (Álibi), Gal Costa (Açaí e Faltando um Pedaço) e o rei Roberto Carlos (A Ilha) fizeram sucesso com músicas compostas por Djavan.

A maior homenagem, porém, foi feita por Caetano Veloso que, ao gravar “Sina”, subs-tituiu o verbo “caetanear” pelo verbo “Djavanear”. As músicas de Djavan tocavam nas rádios e seus shows e discos fizeram dele, por dois anos consecutivos (81 e 82), o melhor compositor - prêmio oferecido pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). A antiga CBS, atual Sony Music, contratou o já consagrado Djavan em 1982. O álbum “Luz”, gravado nos Estados Unidos, contou na faixa “Samurai” com a participação de Stevie Wonder, além de instrumentistas famosos, como Ernie Watts. O disco, que trouxe também as músicas “Sina”, “Pétala” e “Açaí” deu, como o próprio título previa, luz ao talento de Djavan, também no hemisfério Norte.

O disco seguinte, “Lilás”, teve a faixa título executada mais de 1.300 vezes nas rádios brasileiras no dia de seu lançamento, em 1984. “Esquinas”, composta em Los Angeles, durante a gravação do disco, e incluída às pressas, foi outro grande sucesso do disco. Inúmeros shows, além de reverências feitas por artistas do gabarito de Quincy Jones (editor de algumas músicas de Djavan nos EUA) consolidou a carreira do artista brasileiro, também nos EUA, que teve, em 1985, um álbum compilado dos repertórios de “Luz” e “Lilás”. “Meu Lado” foi gravado inteiramente no Brasil, e refletiu diversas facetas do autor.

Em 1987, os estúdios norte-americanos novamente abriram as portas para a gravação de um disco de Djavan. Era “Não é Azul Mas é Mar”, lançado no exterior, com o título “Bird of Paradise”. A novela “Top Model”, da TV Globo, incluiu em sua trilha sonora a música “Oceano”, que traz o refinado violão flamenco de Paco de Lucia e impulsiona o artista de volta às paradas de sucesso.

A qualidade poética na obra de Djavan talvez seja a única coisa que não muda. “Novena”, de 1994, tem o violão como fio condutor e poucos instrumentos. É básico, fundamental e demonstra, com clareza, como Djavan aproveita bem o espaço entre um lançamento e outro. “Malásia”, de 1996, foi o disco seguinte. Como de hábito, o compositor abraça o mundo novamente. Passeia pelo bolero mexicano, pela salsa cubana, até chegar ao legítimo samba carioca, além de muitas baladas. Almir Chediak, em 1997, fez um inventário da obra de Djavan.

O trabalho resultou em dois livros com 98 músicas e 3 CDs com 47 canções. Mais de 60 artistas participaram do projeto com gravações exclusivas. “Djavan ao Vivo”, lançado em 1999, foi uma homenagem antecipada aos 25 anos de carreira. Toda a obra foi revisitada de forma quase antológica. “Milagreiro”, em 2001, mantém a poesia em canções bem elaboradas e sem fugir do estilo inquieto e inteligente desse artista alagoano. Em 2004, surgiu “Vaidade”, o décimo sexto álbum de Djavan e primeiro da sua própria gravadora, a Luanda Records.

Dessa vez, suas músicas compõem não somente as trilhas sonoras de novelas, mas também de cinema. “Se Acontecer” fez parte da novela Global “Senhora do Destino” e “Tainá-Flor” foi feita sob encomenda para o filme “Tainá 2”. Para 2005, Djavan preparou “Djavan na Pista etc”, com um repertório variado da carreira do cantor, em versão dançante, com a produção de Liminha.