Do cigarro eletrônico ao vício em drogas - é preciso analisar a saúde mental dos adolescentes

Por Arlaine Castro

Nos Estados Unidos, 1,7 milhão de estudantes de ensino médio já usaram os cigarros eletrônicos – não para abandonar o vício, mas para experimentar nicotina pela primeira vez - cita o relatório publicado no ano passado pela Academia Nacional de Ciências. O estudo concluiu que os cigarros eletrônicos não só viciam como, quando usados por pessoas mais jovens, mas também podem servir de porta de entrada para cigarros reais e drogas mais pesadas. Pais e alunos brasileiros na Flórida fizeram relatos sobre a “normalidade” com que as drogas aparecem e são compartilhadas dentro das escolas. Os casos estão citados na matéria especial “Pais e alunos brasileiros denunciam aumento de cigarros eletrônicos e drogas em escolas da FL” nesta edição. Desse modo, é preciso refletir um pouco mais sobre o uso dos cigarros eletrônicos e outras drogas pelos jovens, buscando lá atrás, no íntimo e no início de tudo - como está a saúde mental daquele adolescente ou jovem que resolve experimentar? Ele está bem consigo mesmo? Tem autoestima equilibrada? Seus pais são tranquilos e passam a segurança necessária que essa fase complicada da vida requer? Esse questionamento é mais do que necessário porque, antes de tentar combater o vício em drogas, é preciso entender o porquê do vício. Sobre essa análise, levantada pela psicoterapeuta Adriana Tanese, as drogas servem para a pessoa dar uma pausa na realidade do cotidiano. “É uma forma de alívio da realidade em que se vive, como se sente, porque uma pessoa que se sente bem e serena não vai usar drogas. É uma forma de aliviar as tensões, incrementar as condições para se divertir, se soltar mais”. No caso dos adolescentes, o “se soltar mais” cai como uma luva tendo em vista que grande parte é introspectiva e tímida nessa etapa da vida. Além disso, no ambiente escolar não favorece, segundo Tanese, que destaca ainda que, o aumento do uso por menores dentro das escolas, tem a ver com o sistema escolar. Para a especialista, os jovens estão entrando no mundo das drogas porque são muito reprimidos, as escolas são muito repressoras, pela forma como o sistema escolar está estruturado, na Flórida mais ainda do que no Brasil. Uma boa saúde física e mental proporciona equilíbrio na vida desde o início. Por isso, a influência dos pais e responsáveis é muito grande para o mundo que cerca o adolescente. E, no atual cotidiano, seja pela falta de tempo, pela pressão do trabalho ou porque os pais também não estão conseguindo processar tudo com uma boa saúde mental, direcionar os filhos está cada vez mais difícil. O estudo citado acima menciona o perigo para a população jovem se os cigarros eletrônicos causarem dependência ou acostumarem os usuários ao hábito de fumar, levando ao consumo de cigarros reais. Ou seja, os cigarros eletrônicos podem de fato ajudar pessoas mais velhas a abandonarem o vício, e não fazem tão mal para a saúde quanto os cigarros comuns, por não conterem nicotina, mas por outro lado, acabam por apresentar e influenciar o hábito de fumar aos mais novos.