Entender as nuances da economia mundial nem sempre é uma tarefa fácil, nem mesmo para os especialistas. Mas o fato é que a crise no mercado imobiliário norte-americano tem mostrado reflexos em diversos setores da economia, dentro e fora dos Estados Unidos. A opinião de muitos economistas é que este mercado tem também empurrado para baixo a cotação do dólar.
Para os brasileiros que vivem aqui, a matemática é simples: quanto mais baixo o valor do dólar, menores ficam as economias em real. Quanto menos vale o dólar, mais difícil fica pagar qualquer prestação em real.
O dólar fechou o mês de julho cotado a R$1,883, após um mês de oscilações. E a previsão de analistas é que, em agosto, continuem as variações. Na sexta-feira(3), o dólar comercial foi negociado a R$1,902, representando uma alta de 1,49%.
A goiana Rose Almeida, moradora de Pompano Beach, chegou aos Estados Unidos há quatro anos, e afirma nunca ter vivido aqui uma situação de dólar tão baixo. “Quando cheguei aqui um dólar valia R$3”, lembra. Trabalhando com serviços de limpeza, ela lamenta que a queda do dólar coincida com o período de verão, quando muitos clientes de temporada retornam para o norte. “No meu caso, são quatro clientes que vão para o norte e só retornam em outubro. Com os clientes indo embora e o dólar baixo, fica difícil”, explica.
Rose comprou um imóvel no Brasil, financiado pelo Banco do Brasil, e agora não consegue pagar as prestações. “As minhas prestações estão atrasadas desde abril”, conta a brasileira que agora precisa trabalhar mais para compensar a queda do dólar. “Eu posso trabalhar à noite e dá para compensar um pouco, mas o meu nível de vida baixou. Mesmo assim, acho que vale a pena continuar aqui”, conclui.
Também com um imóvel financiado no Brasil, William Croccia, gerente de área da emrpesa Alternatel, em Pembroke, conta que comprou um apartamento em Recife, com financiamento feito pela incorporadora, e que já começou a sentir os efeitos da desvalorização do dólar. “Como dei uma entrada grande, passei um tempo sem ter que pagar prestações. Na época que fiz o negócio, a situação do dólar era muito mais favorável. Quando comecei a pagar, um dólar valia R$2,25. Hoje está a R$1,86”, explica ele.
Além da variação do dólar, lembra William, há a inflação no Brasil e os reajustes de contrato. “A maioria dos proprietários de construtoras no Brasil, quando entrega o imóvel, cobra 1% sobre o saldo devedor mais o INCC (Índice Nacional da Construção Civil), que dá mais ou menos 0,8%, que são acoplados ao saldo devedor. Além disso tem a inflação. Isso tudo somado com a desvalorização do dólar, é prejuízo dos dois lados”, avalia William.
Para o economista brasileiro Campos Neto, os mercados devem ainda manter oscilações no curto prazo, ou seja, o dólar não deve se estabilizar tão cedo. “Acho que ainda tem mais algum período de vola-tilidade. Os motivos (da queda do dólar), como a incerteza sobre o setor imobiliário, estão longe de ser solucionados”, avalia o economista.
Remessas
Outro segmento que também recebe os reflexos da variação do dólar é o de remessas de dinheiro para o exterior. Fabrício Thiebaut, auxiliar de gerência da empresa Vionaldo Express, em Pompano Beach, explica que o comportamento natural deste mercado é de uma espécie de aceleração dos envios de dinheiro cada vez que ocorrem quedas consecutivas do dólar. “O pessoal que manda quantidades maiores fica com medo de o dólar cair mais, e manda todas as economias que já tem”, explica.
Por outro lado, aquele mercado do “pingadinho” de toda semana, esse sim, acaba sendo afetado. “Há dois tipos de clientes: aquele que faz um pouco mais de esforço para manter o mesmo tanto em real para a família, e aquele que não se importa com o que chegar lá; e o pessoal do Brasil tem que se desdobrar para pagar as contas”, detalha Fabrício.
Rose Almeida, que manda todo mês dinheiro para a faculdade da prima no Brasil, também está tendo que apertar o cinto nas remessas. “Eu mando a mesma quantidade em dólar. Infelizmente eles recebem menos real lá, mas é o que posso fazer”, conta Rose.
Os investidores temem agora, que os problemas com o mercado imobiliário afetem o restante da economia. Em certa proporção, alguns reflexos já começam a acontecer.
VENDAS
Outro segmento que também recebe os reflexos da variação do dólar é o de remessas de dinheiro para o exterior. Fabrício Thiebaut, auxiliar de gerência da empresa Vionaldo Express, em Pompano Beach, explica que o comportamento natural deste mercado é de uma espécie de aceleração dos envios de dinheiro cada vez que ocorrem quedas consecutivas do dólar. “O pessoal que manda quantidades maiores fica com medo de o dólar cair mais, e manda todas as economias que já tem”, explica.
Por outro lado, aquele mercado do “pingadinho” de toda semana, esse sim, acaba sendo afetado. “Há dois tipos de clientes: aquele que faz um pouco mais de esforço para manter o mesmo tanto em real para a família, e aquele que não se importa com o que chegar lá; e o pessoal do Brasil tem que se desdobrar para pagar as contas”, detalha Fabrício.
Rose Almeida, que manda todo mês dinheiro para a faculdade da prima no Brasil, também está tendo que apertar o cinto nas remessas. “Eu mando a mesma quantidade em dólar. Infelizmente eles recebem menos real lá, mas é o que posso fazer”, conta Rose.
Os investidores temem agora, que os problemas com o mercado imobiliário afetem o restante da economia. Em certa proporção, alguns reflexos já começam a acontecer.

