Drogas lícitas fazem tanto mal quanto as drogas ilícitas

Por Ivani Manzo

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A ideia na coluna de hoje não é julgar, defender ou acusar pessoas que fazem uso recreativo de drogas. A ideia é informar um pouco mais sobre o uso de uma droga que é permitida por lei, usada em grande escala e que não é vista com todo o potencial que ela tem: o álcool.

Durante os anos que lecionei em universidades no Brasil, eu costumava repetir uma frase para meus alunos, na tentativa de fazê-los entender um pouco mais sobre o uso do álcool. Eu sempre dizia que nosso fígado não sabe ler o Código Penal. Com isso, a minha intenção era alertar que as doses estipuladas como aceitáveis, ou a idade para a é permitida a venda e o consumo de álcool, na lei, não interfere no seu potencial efeito no organismo. Uma pessoa com 20 anos e 10 meses ou com 21 anos terá as mesmas consequências fisiológicas quando ingerir álcool e não terá as mesmas consequências juridicamente. Essas medidas são feitas para proteger pessoas jovens que podem ainda não ter o discernimento de quando e quanto de álcool pode ser ingerido sem que haja algum problema. Mas, seguramente, todas as pessoas que beberem álcool terão alguma consequência. Os mais jovens estão sujeitos à consequências mais graves e permanentes que os adultos, pois seus corpos estão ainda se formando, porém, ninguém está totalmente protegido dos seus efeitos.

O que muitas pessoas não sabem é o que na droga a torna potencialmente viciável. Basicamente existem dois fatores que podem traduzir se uma droga é mais ou menos viciável. Logicamente os seus componentes químicos, capazes de atuar no sistema nervoso central, e o número de vezes que é apresentada ao cérebro são potencializadores.

Isso significa que uma droga de baixo potencial químico pode ser muito viciante se a pessoa usar muito. Dessa forma ela não é menos perigosa que outra, com relação à dependência química. Por exemplo, o cigarro de tabaco pode ser muito viciante se a pessoa fumar toda hora. Isso acontece com o álcool também. E, se juntarmos a isso, o fato da droga ser lícita, quer dizer permitida por lei, isso amplia muito as possibilidades de uso e consequentemente o seu potencial de viciar as pessoas. É nesse ponto que reside o perigo do álcool.

Devido ao fato do álcool ser permitido por lei, de ser aceito e algumas vezes ser tido como imprescindível torna o seu perigo muito maior. Não é difícil ouvirmos em uma comemoração frases do tipo, “Você vai brindar com suco? Pegue um pouco de vinho, apenas para brindar!”. Como se brindar com uma bebida não alcoólica diminuísse o valor do brinde e dos desejos celebrados. Esse é o ponto importante que desejo alertar hoje. Não é porque é lícito que não faz mal, que precisa ser usado e que pode ser usado como se todas as pessoas certamente fossem ter a mesma reação sob o efeito da mesma dose.