Dunkirk, o filme intenso de Christopher Nolan
Podemos facilmente qualificar como um dos melhores filmes do verão, o drama de guerra Dunkirk (Warner Bros.), novo filme escrito e dirigido pelo diretor inglês Christopher Nolan, rodado em IMAX (90% para ser mais precisa) e com um surpreendente realismo nessa área dominada pela computação gráfica (CGI). Dunkirk, que estreia no dia 21 de julho, é inesperado, poético, ambicioso e emocionante.
Baseado na história real da Operação Dínamo, mais conhecida como a Evacuação de Dunkirk (Dunquerque, em português), operação militar que aconteceu no início da Segunda Guerra Mundial, onde mais de 320 mil soldados aliados da Bélgica, do Império Britânico e da França, foram evacuados sob um intenso bombardeio do exército alemão.
Se houve, em algum momento, um longa que tirou proveito das benefícios das câmeras IMAX foi Dunkirk, que já nos primeiros minutos da história, coloca o espectador quase que dentro das ruas desertas francesas onde os soldados correm para encontrar a praia. Além disso, o aclamado diretor também conta uma história real, bem diferente daquelas que ele está acostumado a fazer com super-heróis ou ficção científica. Essa mudança no meio do caminho da sua carreira pode se consolidada se os rumores forem verdadeiros que ele dirigirá o próximo capítulo do agente 007, o James Bond.
Esse foi apenas um dos pontos discutidos durante a coletiva de imprensa semanas atrás na aeroporto particular de Santa Monica, na Califórnia, no Hangar Baker. No dia, nós, os jornalistas, não podíamos dilvulgar o local onde estávamos para não atrair fãs e paparazzi para o pequeno aeroporto. Além do diretor, estavam na coletiva a sua esposa, a produtora Emma Thomas, e os atores Mark Rylance, Harry Styles (um dos membros da quinteto pop inglês One Direction), Fionn Whitehead, Barry Keoghan e Jack Lowden.
Quando perguntado sobre o porquê em contar esta parte específica da Segunda Guerra Mundial, Nolan disse “para mim sempre foi sobre história, é também sobre encontrar uma história que me chamasse a atenção, que me mantém por anos fazendo um filme, onde eu possa ter uma conexão emocional. Cresci escutando essa parte da história como qualquer britânico. Então, a história me ‘engoliu’ emocionalmente e sempre me entusiasmou.”
O diretor comentou também que ele e sua esposa, há 20 anos, fizeram a mesma travessia, na mesma época do ano da evacuação, em um barco pequeno: “o cruzamento foi extremamente difícil e perigoso, o canal é muito intenso, e fizemos sem pessoas lançando bombas em uma época de guerra. Depois que tive essa experiência, passei a ter mais respeito e fascínio pelas pessoas que realmente estiveram lá na evacuação.”
Outro ponto importante do filme é a maneira como o evento é contado para nós, sob o ponto de vista da terra, do ar e do mar, simultaneamente. “Mantive uma abordagem subjetiva de narrativa. A intenção ter suspense e ser intenso. Não quis deixar o público sem ter conhecimento ou a visão de que as personagens tinham,” disse Christopher.
O realismo é fantástico e bem verdadeiro. Parece mesmo que estamos dentro do filme e da história, mas essa sensação vem graças as câmeras IMAX e o diretor vem usado-as nos últimos 10 anos e dessa vez, Dunkirk foi realizado quase que em sua totalidade com essas câmeras. “Nós tentamos realmente colocar as câmeras IMAX onde elas nunca tinham estado anteriormente: no cockpit com o piloto, por exemplo. Houve muita atenção aos detalhes. Filmamos todas essas seqüências com as IMAX. O realismo exagerado foi intencional. Este filme, mais do que qualquer outro que fiz, queria imergir o público nessa experiência e realmente levá-los para lá.”
O ator inglês Mark Rylance fiocu muito satisfeito por ter trabalho com seu conterraneo e disse: “Nolan é muito atento e receptivo ao que acontece no set de filmagens. Como a vida, muitas coisas se aparecem inconscientemente enquanto você grava uma cena. Então, todas as manhãs, eu e os outros atores decidimos nos encontrar e improvisar o que aconteceria entre o que o público iria ver na última cena e na próxima. A partir dessas conversas e improvisações, surgiram idéias e perguntas que foram levardas a Chris e ele escutava e acatou algumas delas.”
No elenco também estão Tom Hardy, Cillian Murphy e Kenneth Branagh. A mensagem é clara e unânime e o diretor termina a coletiva dizendo: “para mim, quando você pensa em Dunkirk, se a história tem um significado particular, é o heroísmo comunal em oposição ao heroísmo individual. Pequenos atos de heroísmo humano e o que podemos alcançar juntos.”
Para finalizar, o longa está brilhante com pouco diálogos, uma cinematográfica perfeita e uma seleção musical que emociona, como se eu estivesse lá na guerra naquele momento. Será que Christopher Nolan irá ser indicado para o Oscar de melhor diretor? Espero que sim. Dunkirk é o must see para esse final de semana e se puder assista no cinema IMAX.
