É verdade que os divórcios aumentam em janeiro? - Viver Bem

Por Karina Lapa

Divorce

De acordo com os advogados especialistas em vara de família, janeiro marca o início da temporada de pedidos de divórcio. Segundo eles, os seus escritórios recebem um aumento significativo de esposas ou esposos preparados a dar início ao fim de seus casamentos. Concordo que quando li esses dados, me perguntei o por quê de tal fenômeno. Algumas respostas são claras, e até previsíveis, e têm a ver com o fato de que, muitas vezes, os pais que decidem se divorciar esperam até o final das festas de fim de ano para não aborrecerem ou entristecerem os filhos, num momento de suposta “união e confraternização” familiar. Não querem arruinar um momento mágico, onde o sonho infantil tem a ver com ganhar, e não perder!  Outra razão  óbvia tem a ver com a expectativa de que um novo ano trará coisas novas. Um novo recomeço, e daí a resolução de fazer essa “vida nova” acontecer.  Muitas vezes, acredito que exista até uma expectativa e esperança mais inconsciente de que, assim como as férias de verão, o fim do ano possa transformar e reciclar a relação e o casamento, tornando-os mais apaixonados, mais integrados, com menos conflito, onde a comunicação flui positiva e saudavelmente, e onde os problemas simplesmente desaparecerão, como um milagre natalino. Todos nós temos, em um momento ou outro, expectativas irreais de que milagres podem acontecer durante as festas.

Um outro ponto ao qual considero como um dos mais prevalentes, é o aspecto financeiro do divórcio. Aos que querem a separação, o divórcio pode parecer ganho, mas também envolve várias perdas, inclusive e principalmente,  a monetária.  Ao término das festas natalinas, a partir de janeiro e até maio, segundo os advogados, os presentes já foram comprados e pagos. Muitas vezes a dedução do imposto de renda chega trazendo a possiblidade de viabilizar uma mudanca, e dar continuidade ao sonho ou a  possibilidade de uma vida nova.

Infelizmente, a realidade é mais dura e crua, e ao término de mais um natal, e com a virada do ano, as pessoas voltam as suas condições naturais de vida, e o vazio e o desepero a dois voltam a se fazer presentes.  Aos que estão certos de que o divórcio é a solução, o término da temporada de fim de ano serve como uma confirmação de que sua decisão está correta, e daí seguem com as suas metas, buscando advogados de família para concretizarem os seus desejos de acabar com o casamento. Aos que são pegos de “surpresa”, a triste e dolorosa realização de que o fim da relação chegou.

Ninguém deve permanecer em um casamento, onde já não existe crescimento pessoal, onde as pessoas estão infelizes umas com as outras, ou trazendo o que há de pior nelas.  Não devem seguir quando existe abuso físico, emocional ou sexual, quando a comunicação já acabou, quando  a  paixão e o romance só existem nos álbuns de fotografia, e quando o sexo  já não faz mais nenhuma diferença. Nem mesmo pelos filhos!  As pessoas devem buscar sua felicidade, e quando os pais estão bem, estejam eles casados ou divorciados, os seus filhos se beneficiam.

No entanto, é bom lembrar que divórcio é sempre uma decisão de uma das partes. Repito, de uma das partes! O outro é, muitas vezes, comunicado da decisão e não tem poder de escolha, de argumentar ou de arguir com o que determinou. Por esta razão, lembre-se que, se decidido a se divorciar, considere todas as possibilidades. Se há filhos, pense em como você pode manter um nível mais próximo da normalidade nas suas vidas. Não os prive de ter acesso ao seu pai, ou mãe. Afinal, é você que está se divorciando, e não eles. Considere um bom advogado, e um mediador para esclarecer sobre questões financeiras, de custódia de filhos, e de partilha de bens. Busque apoio de amigos e de familiares, não só para você, mas para os filhos.  Mas lembre-se que até o divórcio ser finalizado, mantenha a sua integridade e da sua família.

Não exponha sua intimidade como uma vitrine ou “reality show”.  Ninguém precisa se envolver, ou ter material para usar contra você ou seus filhos mais tarde.  E se há a possiblidade de conciliação, busque-a. Procure ajuda psicológica e trabalhe em você antes, durante, e após o divórcio, mesmo que tenha sido você que decidiu separar-se.  Todos nós repetimos padrões que nos são familiar.  Divorciou, trabalhe-se, e evite cometer os mesmos erros com o parceiro seguinte.

* Karina Lapa é psicoterapeuta licenciada na Flórida. Atualmente atende em sua clínica, a South Florida Counseling Agency. Para maiores informações: (954)370-8081/ www.southfloridacounseling.net