Economistas afirmam que EUA não sobrevivem sem força de trabalho imigrante

Por Gazeta News

trabalhadores imigrantes
[caption id="attachment_136881" align="alignleft" width="300"] Trabalhadores imigrantes no Porto de Houston fazem pose. Foto: FlickR[/caption]

Com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, ficou claro que seu projeto tem a ambição de criar 25 milhões de empregos nos EUA nos próximos dez anos. Além disso, o novo presidente americano quer mais que duplicar a taxa de crescimento, elevando a 4%. Para isso, Trump pretende estabelecer uma política econômica baseada no lema “Estados Unidos primeiro”. Na prática, significa privilegiar os trabalhadores nacionais sobre os imigrantes.

E é justamente aí que onde “vive o perigo”. Isso porque, o decreto que fecha temporariamente as fronteiras dos Estados Unidos aos nacionais de sete países de maioria muçulmana e aos refugiados, reacendeu a discussão sobre o papel e a importância dos imigrantes na construção, manutenção e futuro da economia americana.

Em todo o país, manifestações de apoio aos imigrantes potencialmente barrados nos aeroportos não param de acontecer. Pessoas comuns, famosos e empresarios têm se unido manifestando posicionamento contrario às posturas de Trump. Muitos diretores de empresas do setor tecnológico americano, que emprega milhares de engenheiros estrangeiros, também se opuseram a essas medidas, que poderá afetar milhares de trabalhadores.

Outras decisões do governo estão acirrando ainda mais este debate neste início de ano, como o projeto de construção de um muro na fronteira com o México, a criação de um registro de crimes cometidos por imigrantes, a redução do financiamento para as cidades que não apliquem as novas regras migratórias e uma aceleração das expulsões.

Metas do governo são "irrealizáveis"

Entretanto, economistas consideram que as metas económicas de Trump, de duplicar o crescimento e criar 25 milhões de empregos para 2027, são incompatíveis com uma limitação da imigração. “Para um economista única forma de dar sentido a essas propostas é aumentar a população”, explicou à AFP Jennifer Hunt, ex-economista-chefe na Secretaria de Trabalho.

Ainda a Agência Francesa, Hunt, que agora trabalha na Universidade de Rutgers, também participou em trabalhos da Academia Nacional de Ciências que chegaram à conclusão de que, a longo prazo, a imigração beneficiaria muito a economia americana, com “poucos, e inclusive nenhum efeito negativo” no emprego ou nos salários dos nacionais nascidos nos Estados Unidos.

Há especialistas, contudo, que são ainda mais taxativos. Para Ian Shepherdson, economista-chefe de Pantheon Macroeconomics, as metas de Donald Trump são “totalmente irrealizáveis” com a mão de obra atual. “Não há mão de obra suficiente para conseguir isso”, afirma.

Já Ben Zipperer, do Economic Policy Institute, o crescimento da imigração é necessário se for levado em conta que um em cada quatro americanos terão mais de 65 anos nos próximos dez anos. Em seu blog ele explica que a única solução para ocupar os 25 milhões de empregos que Donald Trump pretende criar nos próximos dez anos é recorrer a imigrantes ou pedir às pessoas que trabalhem mais tempo.

Hoje, para se ter uma ideia, a mão-de-obra imigrante representa cerca de 25 milhões de pessoas. “É uma parte bastante importante de nossa economia”, disse o especialista à AFP.