Edílson envolvido em mais confusão

Por Gazeta Admininstrator

O ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho, réu confesso no escândalo da máfia do apito, pode ser intimado a depor em um novo caso: o possível envolvimento com uma fábrica de artigos infantis falsificados em Jacareí, no interior de São Paulo.

A confusão começou quando o ex-árbitro concedeu entrevista para a Revista Veja e se deixou fotografar na loja de um amigo, segurando um boneco pirata da marca Hello Kitty. Depois que a foto foi publicada, a empresa que cuida da marca no Brasil comunicou o fato à Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) e entrou com uma representação na Delegacia de Investigações Gerais de Jacareí.

“A Veja veio aqui em casa para mostrar minha vida e para não dizer que eu não fazia nada, inventei que eu era sócio do meu amigo e ele concordou. Depois fui lá e tirei a foto, mas não podia imaginar que o brinquedo fosse falso”, justificou Edílson. “Não entendo dessas coisas.”

Na tarde de quarta-feira, a polícia foi até a fábrica e a loja onde os produtos eram vendidos e recolheu todo o material. O comerciante José Airton Batista, dono da fábrica e amigo de Edílson, teve que prestar depoimento e contou que o ex-árbitro não é seu sócio.

A empresa está em nome de Rosa Maria Ferreira, esposa de José Airton Batista. De acordo com a polícia, cerca de 50 produtos foram recolhidos e passarão por uma perícia. Se comprovada a pirataria, o comerciante pode ser indiciado por falsidade ideológica e Edílson também seria convocado a depor.

“Eu não sou sócio dele e até tinha intenção de ficar, mas não sabia nem onde era a fábrica, quanto mais que era falsificado”, defendeu-se o ex-árbitro na tarde desta quinta-feira, em entrevista à Agência Estado. “Mas o que aqui no País não é falsificado? É só ir em feiras, lojas e camelôs, aqui mesmo em Jacareí, tem tênis de marcas, camisetas, tudo falsificado.”

Rotina - Afastado do futebol depois do escândalo de manipulação de resultados para favorecer apostadores, Edílson passa a maior parte do tempo em sua casa em Jacareí. Costuma deixar a residência só para freqüentar uma sauna, quatro vezes por semana, e encontrar-se com amigos. “Eu não tenho outra coisa para fazer por enquanto”, admitiu o ex-árbitro.

Sem nenhum rendimento, Edílson revelou que suspendeu o pagamento das contas e vendeu o carro que tinha “para pagar água e luz e comprar comida”.

O inquérito sobre a máfia do apito não foi concluído e está na Polícia Federal. Na semana passada, o ex-árbitro foi convocado para depor no 14º Distrito Policial de Pinheiros, em São Paulo, sobre as denúncias que fez contra a Federação Paulista de Futebol. “Eles querem dar prosseguimento às investigações e confirmei tudo de novo, que ele me telefonava para que eu fizesse resultados em favor de um ou outro time”, disse Edílson, referindo-se a Reinaldo Carneiro de Bastos, o vice-presidente da FPF.

Memórias - Em busca de um novo emprego, Edílson ainda está indeciso sobre a atividade que vai exercer no ano que vem, mas já sabe que deve lançar um livro sobre a arbitragem no Brasil. “Tive essa vontade e escrevi para algumas editoras. Já tive a respostas de duas”, contou.

De acordo com o ex-árbitro, na próxima semana, três pessoas de uma das editoras vão à casa dele para colher as primeiras informações. “É claro que eu não sei escrever, mas vou contar tudo que sei, sem inventar nada, para que eles escrevam”, explicou.