Editorial: Mais do que nunca, a comunidade mostra sua força

Por Marisa Arruda Barbosa

Desde que o presidente Donald Trump tomou posse, em janeiro, as notícias de terror têm se espalhado entre as comunidades imigrantes.

Na última semana, mostramos que era mentira uma notícia a respeito de batidas de imigração por vários pontos do sul da Flórida. Nas redes sociais, vemos que muitos líderes comunitários estão muitas vezes fazendo o desserviço de espalhar o pânico em vez de simplesmente informar o que realmente está acontecendo.

Claro, não sabemos o que virá. Tudo indica que, em breve, enfrentaremos o pior dos tempos para os imigrantes. Mas, também, estamos vendo os ativistas ganhando força. O condado de Broward, no dia 7, deu o primeiro passo para se tornar um “santuário” de proteção aos imigrantes e ativistas protestaram para que outras cidades e condados façam resoluções parecidas.

As notícias não têm sido boas. Esta semana mesmo, quando vimos o estudo publicado pelo Los Angeles Times dizendo que agora 8 milhões de imigrantes indocumentados podem ser alvo das deportações de Trump, pensamos duas vezes antes de divulgar, já que essa ainda é uma estimativa e nenhuma ação foi anunciada. No entanto, não podemos deixar de informar o público, mas temos que apresentar soluções sem espalhar o pânico.

Em mais de seis anos trabalhando com a mídia comunitária, lembro-me de ter escrito muitas vezes o quanto caminhávamos a passos lentos em relação à reforma da imigração.

Quando no final de 2012 o então presidente Barack Obama anunciou as Ordens Executivas expandindo o DACA para jovens indocumentados e a criação do DAPA, protegendo seus pais, para mim foi um dos momentos mais importantes como jornalista: dar a notícia mais esperada dos últimos tempos.

Mal sabíamos que esses planos não sairiam do papel por causa do poder do judiciário, que reverteu as ordens de um presidente. Agora, vemos isso de forma contrária: as ordens de Trump impedindo a entrada de pessoas de sete países estão bloqueadas. Ou seja, estamos diante de tempos sombrios para imigrantes, porém, sabemos que podemos contar com o poder judiciário.

Sem uma reforma imigratória, a comunidade imigrante conseguiu conquistas a passos de formiga nos últimos anos. No entanto, sabemos que o imigrante é trabalhador e está acostumado a fazer esforço não só em seu trabalho. O pouco que conseguimos até agora foi graças ao trabalho de ativistas. Agora, não será diferente.

Nos últimos 10 anos, os EUA receberam um milhão de pessoas provenientes dos sete países incluídos na proibição de Trump. O mundo todo se mobilizou por eles. O cenário não será diferente no caso de milhões de imigrantes trabalhadores estarem enfrentando a deportação.

Tudo indica que enfrentaremos tempos difíceis, mas o GAZETA estará sempre ao lado dos imigrantes, independente de seu status. Estaremos sempre trabalhando por uma comunidade segura, na qual as famílias e trabalhadores serão sempre a prioridade. Criminosos, claro, devem pagar por seus crimes, no Brasil, nos EUA ou qual país seja.

Em tempos difíceis devemos lembrar de três pontos importantes. Primeiro, Arizona e Geórgia são conhecidos como os piores estados para imigrantes indocumentados por causa de suas duras leis e ainda contam com uma grande comunidade. Segundo, grandes empresas estão se unindo contra as ordens executivas e em prol do imigrante profissional e trabalhador. E, terceiro, já vimos que economicamente será praticamente inviável para Trump conseguir atingir suas metas de crescimento sem os imigrantes.