Editorial: Tá difícil ser mulher no Brasil

Por Arlaine Castro

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E tomam-se casos de violência e morte de mulheres cometidos por maridos, namorados, ex-companheiros e até irmãos. Assim, como tapas na cara, os números batem com força total e a realidade brasileira não é das melhores. Por hora são mais de 500 mulheres apanhando ou ouvindo agressão verbal de maridos ou companheiros. Isso dá um caso a cada dois segundos. Dois segundos. E a cada 1.4 segundo uma mulher é vítima de assédio.É, não é fácil ser mulher no Brasil. Na semana em que a lei Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006) completou 12 anos, casos de feminicídio chocaram ainda mais o país. Relatos de violência somam, em média, um caso a cada 3 minutos e 50 segundos, segundo o Disque 180, canal 24 horas criado para situações de emergência. No Paraná, a advogada Tatiane Spitzner “caiu” do 4ª andar do prédio onde morava com o biólogo Luís Felipe Mainvailer no dia 22 de julho. No entanto, a investigação da polícia descobriu que esta não foi uma queda acidental comum. Depois de morta, seu corpo aparentemente foi jogado pelo marido para tentar “disfarçar” o crime. Imagens de câmeras de segurança mostram queLuís Felipe agrediu Tatiane por mais de 20 minutosantes da morte dela e que a impediu de sair do local. O marido ainda tentou fugir para o Paraguai, segundo a polícia, que o prendeu. No Distrito Federal, houvetrês feminicídios em menos de dois dias, inclusive na terça-feira, 7, dia em que foi criada a lei. No Rio de Janeiro, um homemmatou a mulher grávida de dois meses na frente do filho de 3 anosdo casal, na segunda-feira, 6, no Complexo do Alemão. Anderson da Silva, de 28 anos, confessou ter asfixiado Simone de Souza, de 25, e está preso. Em Santa Catarina, outra mulher grávida foi morta pelo marido. Andreia Campos Araújo morreu por traumatismo cranianoapós ser agredida por Marcelo Kroin. Ela estava grávida de três meses, eo corpo foi encontrado enrolado em um lençol. O marido foi preso em flagrante. Isso sem contar o resto do país onde as denúncias não param. De acordo com o Atlas da Violência, os casos de feminicídio aumentaram 15,5% em uma década, passando de 4030 casos em 2006 para 4645, em 2016. Criada para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, também podem ser denunciados na Lei Maria da Penha a agressão física, violência patrimonial, sexual, moral e psicológica. Quinta maior taxa de feminicídio do mundo Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a taxa de feminicídio - assassinatos de mulheres provocados pelo fato de serem do sexo feminino - no Brasil é a quinta maior do mundo. São 4,8 assassinatos a cada 100 mil mulheres. Uma proposta já aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, quer ampliar em 50% a punição dos agressores nos casos em que a mulher esteja sob proteção da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06). Ou seja, mais do que criar a lei, é preciso endurecê-la. Muitas mulheres nem denunciam por medo e vergonha. Porque no fundo elas sabem que não há segurança. É entre ela e Deus. Referência: Instituto Maria da Penha e pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública realizada em fevereiro de 2017, em 130 municípios.