O candidato à presidência pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos, de 49 anos, morreu em um desastre aéreo na cidade de Santos, em São Paulo, na manhã do dia 13. Campos estava em terceiro lugar na corrida eleitoral, com cerca de 10% dos votos, segundo as pesquisas mais recentes, atrás da presidente Dilma Rouseff (PT) e do senador Aécio Neves (PSDB).
Na noite do dia 12, o candidato fez sua última aparição pública, em uma entrevista ao vivo no “Jornal Nacional”, da Rede Globo. Na ocasião, após ser questionado sobre sua vontade de ser presidente, ele disse: “Não se trata de ambição. Trata-se de um direito. Numa democracia, qualquer partido pode lançar um candidato”.
“Tantas pessoas que votaram na Dilma se frustraram. Agora, o que o povo quer é alguém que dê solução a isso”, disse em sua última entrevista. “Eu e Marina (Silva, candidata a vice) entendemos que para dar solução a isso é fundamental um novo caminho. Porque PSDB e PT governam o país há vinte anos. Se a gente quer chegar a um novo lugar, a gente não pode ir pelos mesmos caminhos”.
Acidente
De acordo com a Aeronáutica, o jato em que estava Campos saiu do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao aeroporto do Guarujá, em São Paulo. Quando se preparava para o pouso, por volta das 10am, o avião arremeteu e caiu em um bairro residencial de Santos.A Aeronáutica já deu início às investigações para apurar o que pode ter contribuído para o acidente, no qual morreram outras seis pessoas: Alexandre da Silva, fotógrafo; Carlos Augusto Leal Filho (Percol), assessor; Geraldo da Cunha, piloto; Marcos Martins, piloto; Pedro Valadares Neto e Marcelo Lira.
Campos era casado com a economista e auditora concursada do Tribunal de Contas do Estado, Renata de Andrade Lima Campos, de 47 anos, e deixa cinco filhos.
Candidatura Campos foi eleito governador de Pernambuco com 60% dos votos, em 2006, e reeleito em 2010, com 83% dos votos no primeiro turno, o maior índice registrado entre todos os governadores eleitos na ocasião. Ele deixou o governo do estado para lançar-se como candidato à presidência. O político estava em campanha para as eleições presidenciais e havia firmado aliança com a política Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, que seria sua vice-presidente. Ainda não há uma definição sobre o futuro da candidatura capitaneada por Campos. O PSB tem dez dias para apresentar um nome para substitui-lo. Em entrevista à rádio “Estadão”, o presidente do PSB de São Paulo, Marcio França, disse que “ninguém tem cabeça para pensar nisso agora”.
Luto
A presidente Dilma Rousseff decretou luto oficial e a suspensão de sua campanha por três dias em homenagem a Campos. “Quero dizer que, hoje, o Brasil está de luto e sentido com uma morte que tirou a vida de um jovem político promissor. O Brasil perde uma jovem liderança, com um futuro extremamente promissor, um homem que poderia galgar os mais altos postos”, disse a presidente.Visivelmente abatida, a ex-senadora Marina Silva exaltou os dez meses de convivência com Campos ao comentar pela primeira vez a morte de seu companheiro de chapa. “Essa é sem sombra de dúvida uma tragédia. Uma tragédia que nos impõe luto e uma profunda tristeza”, disse Marina, em coletiva de imprensa realizada em Santos.
O candidato Aécio Neves também suspendeu sua campanha por causa da tragédia. Em nota, disse que o “Brasil perde um de seus mais talentosos políticos, que sempre lutou com idealismo por aquilo que acreditava. A perda é irreparável e incompreensível”.