Eleição no Haiti deixa pelo menos três mortos

Por Gazeta Admininstrator

Pelo menos três pessoas morreram nesta terça-feira durante a votação nas eleições do Haiti – as primeiras desde a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide, dois anos atrás.
Mas observadores têm dito que uma quantidade muito grande de eleitores - entre 75% e 80% do total - compareceram às urnas, forçando a prorrogação dos horários de abertura dos locais de votação.

O chefe da missão de observadores da União Européia no Haiti, Johann Van Heck, disse que a eleição desta terça-feira no país foi “um milagre”.

"É um milagre, apesar apesar de tudo o que deu errado, dos problemas técnicos e logísticos, as pessoas conseguiram corrigi-los, e quase todo mundo pôde votar", disse Van Heck.

As mortes aconteceram em locais de votação, segundo informações divulgadas pela mídia local, mas as autoridades não deram muito mais detalhes a respeito.

Sabe-se que um dos mortos se chamava Pierre Exilien, de 75 anos, e teria se sufocado em meio a uma multidão que reclamava das longas esperas e desorganização, no bairro de Petion-Ville, em Porto Príncipe.

Filas

As filas para a votação ficaram longas durante o dia, e o tempo de espera chegou a sete horas em alguns lugares.

Soldados brasileiros usaram gás lacrimogêneo para "dispersar um tumulto" em Croix de Rouge, área rural de Porto Príncipe patrulhada pelo Brasil, segundo o porta-voz do batalhão, tenente-coronel Fernando da Cunha Mattos.

A situação também estava tensa em dois centros de votação que às 13h do horário local (16h em Brasília), sete horas depois do horário previsto para a abertura das urnas, permaneciam fechados por causa da desorganização.

O porta-voz do batalhão diz, no entanto, que na maioria dos 116 centros patrulhados pelo Brasil, a situação continua sob controle.

"As filas estão grandes, o pessoal está impaciente, mas não houve nenhum incidente em que foi preciso envolver as tropas", disse Mattos.

Apesar das reclamações, os eleitores haitianos entrevistados pela BBC Brasil se mostraram esperançosos de que a eleição vai melhorar a situação do país, assolado pela violência e pela miséria.

"Só estou votando porque eu acho que o Haiti vai mudar amanhã (depois das eleições)", disse Michael Preyll, que chegou às 5h da manhã na praça de Saint Michel, centro da capital haitiana, e só conseguiu votar quatro horas depois.

Ao lado de Preyll, um grupo de eleitores reclamava que teria de andar duas horas até o centro de votação em que estavam cadastrados.

Eunite Seide, de 23 anos, só descobriu quando entrou na seção eleitoral, depois de horas na fila, de que estava no local errado. "Eu queria votar", disse Seide, frustrada.

As tropas da Minustah (Missão de Estabilização da ONU no Haiti, em francês) têm a orientação de intervir em confrontos apenas se a polícia nacional e a da ONU não conseguirem controlar a situação.

Apelo

A população, que não é obrigada a votar no Haiti, parece ter atendido aos apelos das autoridades nacionais e da ONU para ir às urnas nas primeiras eleições desde a queda do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, em 2004.

O chefe da missão de observadores da União Européia, Johan Van Hecke, disse, no entanto, que será preciso esperar até o fim do dia para avaliar o sucesso das eleições.

O eleitor Vuilne Vilefranche, de 54 anos, concorda. "Tem de esperar até acabar para saber se a eleição é boa."

O fechamento das urnas está previsto para as 16h (horário local, 19h de Brasília), mas o horário pode ser mudado por causa do atraso no início da votação.

A prorrogação do horário de votação também pode criar problemas de segurança, já que os problemas de eletricidade vão deixar a cidade às escuras a partir do anoitecer.

Cerca de 3,5 milhões de pessoas, 80% do eleitorado, estão registradas para votar nas eleições desta terça-feira.