A eleição presidencial americana (Parte 2) - Negócios & Empresas

Por BBG

romney-etch-a-sketch

Após a realização da Convenção Nacional do Partido Republicano, em Tampa, na Flórida, a chapa Mitt Romney-Paul Ryan sagrou-se oficialmente a representante do partido na próxima eleição presidencial, marcada para novembro deste ano.

Com a evidência na mídia e o dinheiro derramado em publicidade, era natural que Romney ficasse em destaque. E isto se traduziu numa virada em termos de pesquisas eleitorais. Depois de estar atrás de Barack Obama o tempo todo, o candidato republicano finalmente viu a preferência do eleitorado americano inclinar-se por ele.

Mas é bom ressalvar que esta liderança, além de muito pequena, deve ser efêmera. Assim que começar a Convenção Nacional do Partido Democrata em Charlotte, na Carolina do Norte, Obama e os democratas é quem serão as estrelas. Portanto, a tendência é a de que ele volte a equilibrar as ações.

Equilíbrio, aliás, parece ser a palavra-chave nesta eleição, tanto que os dois candidatos já admitiram que a luta deve ser renhida e o vitorioso ganhará por uma pequena margem de votos, tal a divisão que vive o país atualmente. As preferências começarão a se definir nos debates entre os dois candidatos, momentos em que eles serão questionados sobre suas ações e atitudes e, por mais que tenham sido treinados pelos assessores, precisarão se virar sozinhos.

A luta ideológica está bastante clara. De um lado, os republicanos, apoiados no pessoal interessado na manutenção do statu quo, com um discurso que valoriza a livre iniciativa e o empreendedorismo. De outro, os democratas, com uma política de justiça social que visa minorar o sofrimento dos menos favorecidos e distribuir a riqueza do país de maneira mais equitativa.

Interessante notar nos anúncios dos candidatos dos dois partidos que eles acusam mutuamente o adversário de querer bombardear o Medicare (sistema de saúde que garante o atendimento médico para os aposentados). Os republicanos criticam o chamado “Obamacare”, o qual, segundo eles, mataria o Medicare e aumentaria os custos dos aposentados. Entretanto, registre-se a incoerência. Se for instituído o “Obamacare”, parece lógico que este sistema venha a incorporar o Medicare.

Já os democratas acusam os republicanos de retirar os benefícios dos idosos e aumentar seus custos de saúde em mais de seis mil dólares por ano, comprometendo ainda mais a minguada receita dos aposentados americanos. A batalha de ideias é ainda mais acentuada no que se refere aos impostos. Os republicanos defendem a isenção de impostos para os mais ricos, sob o argumento de que eles são os grandes geradores de empregos para o país. Portanto, compensariam o benefício ao criar empresas que gerariam lucros e consequentemente pagariam impostos à nação.

Os democratas, por sua vez, são favoráveis ao pagamento crescente de impostos, ou seja, quanto mais o indivíduo ganha mais ele deve pagar. Para fundamentar o argumento, eles sempre recorrem ao exemplo do bilionário Warren Buffet, conhecido como o “Mago de Omaha”. Buffet mostra de maneira recorrente a incoerência do sistema tributário americano, no qual sua secretária paga muito mais impostos ao governo do que ele próprio, que é considerado um dos homens mais ricos do mundo.

Há ainda outros fatores importantes que deverão influenciar na decisão do eleitor. Além da crise econômica – item que incomoda Obama, uma vez que o desemprego insiste em não baixar -, existem aqueles que Romney preferia que não existissem, mas estão aí como fantasmas a apavorá-los. O pior deles é, sem dúvida, a questão da imigração. Romney rendeu-se à doutrina dogmática do Tea Party, que é claramente contrária a qualquer solução que envolva um tipo de anistia às pessoas que vivem nos EUA sem estarem devidamente documentadas. Ele até mesmo chamou para sua equipe Kris Kobach, o mentor das rígidas leis de imigração implantadas no Alabama e no Arizona. Evidentemente, é um tema divisionista. Ao mesmo tempo que atrai o eleitorado mais conservador do interior dos EUA, afasta os novos eleitores, formados em sua maioria por imigrantes que se tornaram cidadãos.

Outros assuntos polêmicos são a união homossexual – considerado um anátema pelos cristãos conservadores – e o aborto, que, segundo os mais radicais, não deve ser praticado nem mesmo em casos de estupros. Isto, por sinal, provocou uma crise no Partido Republicano, com as polêmicas declarações de Todd Akin, candidato a senador pelo Missouri, que justificou até mesmo o estupro para que a mulher não pratique um aborto.

Enfim, a sorte está lançada. Romney e os republicanos somente precisam torcer bastante para que Ron Paul – o único rival de Romney que não endossou sua candidatura – não lance uma candidatura independente e frustre assim os sonhos dele ser o próximo inquilino da Casa Branca. Até porque Ron Paul, com sua teoria anarco- libertária, tem um grupo de fiéis adeptos que, ao escolhê-lo, consequentemente deixariam de votar em Romney.

Algo como aconteceu em 2000, quando Ralph Nader concorreu pelo Partido Verde e dinamitou as possibilidades do candidato democrata Al Gore eleger-se presidente dos Estados Unidos, dando assim a vitória ao republicano George W. Bush.

A partir de agora, a sorte está lançada.

Coluna do BBG - Brazilian Businness Group - Luigi Pardalese, Head Researcher Pardalese Institute, Fl.