Eleições 2012: Brasileiros exercem, literalmente, a cidadania americana

Por Marisa Arruda Barbosa

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Conseguir a cidadania é, ao mesmo tempo, o final de um longo processo com o departamento de imigração dos Estados Unidos e o início de uma nova fase com muito aprendizado pela frente.

É isso que sentem os marinheiros de primeira viagem ao receberem a longa cédula com letras minúsculas com os candidatos a serem votados nas eleições do dia 6 de novembro. Escolher em qual presidente votar acaba sendo o mais fácil. Difícil é aprender que exercer a cidadania nesse país vai mais além, e eleitores podem votar em candidatos para vários cargos e mesmo emendas constitucionais.

Além do presidente, eleitores escolherão o senador federal, o representante do Congresso para seu distrito, o procurador do estado, o senador estadual, secretária do tribunal do seu circuito, xerife do condado e juiz do Supremo Tribunal Estadual. Fora isso, há também as emendas constitucionais a serem votadas, que são 11.

Postos para votar com antecedência foram abertos no sábado, dia 27, e estarão funcionando até o dia 3, das 7am às 7pm. Depois disso, eleitores só poderão votar no dia da eleição.

Carolina Auster votou pela primeira vez nas eleições presidenciais em uma biblioteca em

West Boca Raton, no dia 29. Ela e seu marido receberam, por correio, uma mostra da cédula para estudarem antes de comparecerem às urnas. “Se você não se prepara, não sabe. São muitos detalhes, como juízes e emendas constitucionais”, relata. “No Brasil, não temos isso”.

Carolina e seu marido trocaram ideias, mas ela confessa que mesmo assim achou confuso. “Deveríamos ter mais informações quando recebemos as cédulas. Continuei meio na dúvida”.

Karina Lapa votou nas eleições presidenciais pela segunda vez, no dia 29. Dessa vez, ela confessa que se preparou mais em duas questões: primeiro, ela votou com antecedência. “Da vez passada, deixei para a última hora e peguei muita fila”, conta. “Dessa vez, esperei somente 10 minutos”. Ela votou em uma biblioteca em Weston. Segundo: Karina estudou para saber sobre as emendas. “Não sabia todas, mas na primeira vez eu nem sabia que tinha que votar em emendas”, confessa.

Para Lívia Tingler, que também votou em West Boca, no dia 29, esta foi a segunda vez que votou nas eleições presidenciais, mas sentiu como se fosse a primeira. “Votei em Mitt Romney e na última eleição também votei no partido republicano. Mas dessa vez meu voto foi mais consciente e estou muito mais apaixonada por política”, relata Lívia. “Da outra vez, votei nos republicanos porque minha família é republicana, mas agora foi a minha escolha”.

Lívia conta que tem participado, desde abril, do “Women Impact the Nation”, um grupo de discussão política que recebe candidatos, para os quais as participantes podem fazer perguntas. “A maioria das mulheres cristãs é republicana, por causa da ideologia republicana em assuntos como o aborto”, explica.

Este ano, Lívia conta que aprendeu o significado da constituição americana e o direito dos cidadãos, como ter uma arma, religião, etc. “E é para não perder esses direitos que estou fazendo questão de votar”. Ela diz que se informou bastante sobre algumas das emendas, como o Obama Care, mas mesmo assim ainda não sabia sobre todas elas.

Fila Carolina enfrentou uma fila de duas horas e meia, no meio da tarde do dia 29, mas disse que sentiu um clima pacífico e de muita vontade das pessoas presentes. Já Lívia, ficou quatro horas na fila. “Eu sinto que votar é uma necessidade e as pessoas estão bem mais apaixonadas”, disse ela. Marcos de Paula votou no final de semana, assim que as urnas foram abertas, em Doral. Ele levou 45 minutos para votar.

Empate De acordo com a pesquisa mais recente, feita em parceria entre a Florida International University, o “Miami Herald” e o El Nuevo Herald, o presidente Barack Obama está na frente de Mitt Romney entre os votos dos hispânicos em todo o país, com exceção da Flórida. Isso por causa dos eleitores cubanos no estado.

Nacionalmente, Obama fica com 69% dos votos hispânicos, mas empata entre o subgrupo dos sul-americanos, com 49% dos votos para cada candidato. Na Flórida, Obama tem 51% dos votos hispânicos, enquanto Romney tem 47%. Dos eleitores republicanos no estado, 74% são cubanos e 32%, sul-americanos. O restante é dividido entre mexicanos, porto-riquenhos, dominicanos e pessoas da América Central.

“Com o empate nas pesquisas, sinto que cada voto faz a diferença e eu estou disposta a atravessar montanhas para ver um republicano no poder novamente”, disse Lívia.

Já Carolina conta que votou em Obama. “Temos que votar por nós e por aqueles que não votam”, disse ela, que é cidadã americana desde 2010. “Tem muito brasileiro que precisa de voz, e acredito que Obama e sua visão da imigração é mais favorável a eles. Sei que existem coisas boas e ruins entre os dois”. Marcos e Karina também escolheram votar em Obama.

“Exercer a cidadania americana é o dever de todos nós e me sinto honrado em fazer”, relata. “Tenho trigêmeos e olho para o futuro deles neste país. Minha escolha foi em dar a oportunidade para Barack Obama ter mais tempo em seu mandato como presidente desta nação, olhando para economia e promovendo uma melhor reformulação imigratória”.

Carolina disse que também se sente honrada. “É muito importante exercer a cidadania e a democracia. É interessante a quantidade de pessoas que vão às ruas, mesmo que o voto não seja obrigatório”.

* Com colaboração