Em defesa do nosso Mercado

Por Gazeta Admininstrator

Já é de amplo reconhecimento dentro do governo brasileiro, a importância da comunidade imigrante de brasileiros no exterior, especialmente a residente nos Estados Unidos, estimada de forma conservadora em torno de 1,5 milhão de pessoas.

Como se não bastasse o “número mágico” representado pelo montante em remessas de dinheiro dos Estados Unidos para o Brasil (exclusivamente remessas feitas por pessoas físicas), que em 2007 beirou a marca recorde de 8 bilhões de dólares, segundo dados recentes do Banco Central.

Outros dados como o movimento de passagens aéreas, o volume de importação de produtos brasileiros por parte de distribuidoras especializadas em alimentar a rede de mais de 1.200 lojas de produtos brasileiros nos Estados Unidos, comprovam o que todos já sabem.
O mercado consumidor “brasileiro” na América, é um fato. Evidentemente que esse mercado consumidor tem um perfil ainda volátil, especialmente se reconhecermos que quem mais consome produtos brasileiros são as faixas de imigrantes mais “arraigados” à manutenção de hábitos e costumes de casa, mesmo vivendo numa realidade completamente diferente.

A vitalidade desse mercado é de crucial importância para nossa comunidade. Tanto para quem consome os produtos brasileiros na América, quanto para quem os importa e comercializa. Não há, evidentemente, uma estatística precisa e confiável sobre o “PIB” da comunidade brasileira nos Estados Unidos e todas as estimativas conhecidas são tão tímidas e distantes da realidade, que não servem como parâmetro.

No processo de crescimento e solidificação da comunidade brasileira nos Estados Unidos, um dos estágios mais importantes é justamente manter a oferta do produto brasileiro acessível a todas as comunidades brasileiras espalhadas, hoje, por, pelo menos 34 dos 50 estados norte-americanos, considerando aí desde comunidades com 20.000 e até 300.000 brasileiros, até os grupamentos superiores a 500 imigrantes.

Quando falamos “produtos brasileiros” nos referimos de forma ampla, geral e irrestrita.
São “produtos brasileiros” desde a goiabada cascão e o requeijão cremoso, aos filmes, CDs, DVDs e programações de TV. Desde a farofa pré-cozida e o pão-de-queijo congelado aos shows de MPB, Bossa-Nova ou Axé.

E se é muito bom, excelente mesmo, que cada vez mais norte-americanos e hispânicos estejam se encantando por nossos produtos, é absolutamente fundamental que nós, brasileiros, que gostamos de tudo o que é nosso, sejamos os primeiros a consumir, com a maior regularidade possível, os nossos produtos.

A freqüência às churrascarias brasileiras (mais de 600, atualmente, nos EUA) deixou de ser um privilégio nosso. Hoje a frequência de norte-americanos e hispânicos nos “rodízios” brasileiros é incrível. Há casos ( e muitos ) onde o percentual de não-brasileiros responde por mais de 75% da clientela das “Brazilian Steak Houses” nos Estados Unidos.

O mesmo se aplica aos produtos culturais brasileiros disponíveis no mercado norte-americano. É fantástico sentir que consumidores das mais diferentes origens e culturas se envolvem e deixam seduzir pela força incontestável da criatividade brasileira.

Mas a base desse mercado devemos ser nós mesmos, brasileiros que vivem nos Estados Unidos e que representam a base de expansão para a exportação da nossa cultura neste que é o maior e mais voraz mercado consumidor de cultura no planeta.

Comprando produtos brasileiros, prestigiando nossos shows, eventos, atividades culturais e artísticas, estaremos, nós, imigrantes brasileiros, dando o insumo básico para o fortalecimento da “economia brasileira” dentro da América, gerando mais empregos (a maior parte dele para empregados brasileiros ou, no mínimo, bilíngues) e traçando uma perspectiva mais consistente para o mercado brasileiro.

Tanto quanto a representação política (essencial), o fortalecimento da “economia brasileira interna nos EUA” é uma via obrigatória para nossa relevância e respeitabilidade no mosaico étnico-social-econômico-cultural deste país.

Pensem nisso. Afinal de contas, gas-tar uma parte que seja de seu orçamento doméstico todos os meses em tudo o que seja possível relacionado ao Brasil, passa a ter um significado muito maior do que simplesmente matar a saudade saboreando um “Romeu e Julieta” ou “devastando” uma caixa de “Bis”.