Em Miami, ex-presidente diz que México não pagará por muro

Por Arlaine Castro

Vicente Fox e Claudia Repsold
[caption id="attachment_165228" align="alignleft" width="331"] Vicente Fox no Emerge Americas 2018, em Miami.[/caption] Miami tem se firmado como um dos centros mais importantes de tecnologia dos Estados Unidos e foi palco recente de mais uma conferência Emerge Americas, que há 5 anos reúne em Miami Beach fundadores e CEOs das maiores e mais icônicas empresas de tecnologia do mundo. Este ano, no entanto, quem se destacou no evento não foi o co-fundador da Apple ou da Syrus como nas edições anteriores, mas sim o ex-presidente do México, Vicente Fox. O ex-presidente abriu a conferência lembrando que o avanço tecnológico dissolveu distâncias criando novos paradigmas: “As novas tecnologias construíram pontes digitais que nos uniram, não podemos regredir construindo muros que nos separem”. Durante seu discurso, com o assunto sobre a fronteira com os Estados Unidos à tona, ao ser questionado se o México pagaria pelo muro, mais uma vez o ex-presidente Fox foi enfático em dizer: “O México jamais pagará por qualquer muro que nos divida”. Aplaudido com ardor por uma plateia diversificada e multicultural, Fox falou da sua própria herança imigratória: “Meu avô era americano, nasceu em uma fazenda em Ohio e aos 20 anos resolveu imigrar para o México em busca de melhores oportunidades. Se o meu avô não tivesse imigrado dos Estados Unidos para o México, eu não seria mexicano. Minha história de vida seria outra.” [caption id="attachment_165229" align="alignleft" width="330"] Vicente Fox no lançamento do seu livro.[/caption] Entrevista exclusiva ao Gazeta News Depois da palestra, Fox lançou o seu livro “Let´s Move On: Beyond Fear & False Prophets”, onde o Gazeta News teve a oportunidade de conversar um pouco com ex-presidente. “O Brasil é um país incrível. Enquanto Trump diz que quer impor barreiras acabando com a NAFTA, o México deve se aproximar do Brasil e da Argentina para firmar novos parceiros comerciais”, afirmou. Ao contrabalancear a posição do ex-presidente, afirmando que, assim como o Trump, muitos culpam a globalização pela estagnação socioeconômica de toda uma parte da população, não só nos Estados Unidos, mas também em nossos próprios países, o ex-presidente sorriu e respondeu: “Sempre haverá políticos populistas que alimentam a noção do - nós contra eles - . É uma visão que agrada a muitos por sua simplicidade, a globalização está aí, não há como revertê-la. O que um americano faz de melhor é na área de criação, serviço e gerenciamento, por que querer competir com um chinês na fabricação de produtos de um dólar?”. O ex-presidente falou também sobre a escolha de uma frase do Lech Waleska para o prefácio que diz: "A mão que tentar parar a roda da história, ficará sem os dedos. Acho que resume o momento atual mundial. Não podemos deixar que gente de mãos e mente pequena impeça a roda da história de girar”, concluiu.