Empresa americana colocou amendoins no mercado sabendo que estavam contaminados

Por Gazeta Admininstrator

Uma empresa de processamento de amendoins decidiu colocar os seus produtos no mercado, apesar das suspeitas de que continham salmonelas. Os lotes contaminados teriam sido responsáveis por 600 intoxicações alimentares nos EUA e as autoridades estão a investigar a possibilidade de estarem relacionados com nove mortes registadas nas últimas semanas.

O caso obrigou a um dos maiores recolhimentos de produtos alimentares de que há registo no País (1800 produtos já foram retirados das prateleiras), levando os norte-americanos a reduzirem o consumo da pasta de amendoim. Na semana passada, o “The New York Times” adiantava que as as vendas caíram quase 25 por cento desde finais de janeiro.

Emails enviados por Stewart Parnell, proprietário da Peanut Corporation of America, demonstram que nos últimos dois anos a empresa registou vários problemas de salubridade, que não comunicou às autoridades. Já este ano, decidiu colocar no mercado um carregamento de amendoins, apesar das suspeitas que poderiam estar contaminados com salmonelas (grupo de baterias responsável por complicações gastrointestinais). O produto foi distribuído em lares e escolas e usado na fabricacao de bolachas e manteiga de alguns dos maiores fabricantes alimentares.

A contaminação ocorreu numa fábrica em Blakely, na Geórgia e, segunda-feira, quando se dirigiram ao local para o encerrar, os inspetores da Food and Drug Administration (FDA) depararam-se com produtos contaminados, baratas, equipamentos sujos e mesmo um teto com infiltrações.

Documentos apreendidos mostram que a empresa decidiu prescindir dos serviços de um laboratório, depois de várias análises terem confirmado a presença de salmonelas, e Parnell teria mesmo se queixado ao gerente da fábrica que estas análises custavam “enormes quantidades de dinheiro” e aumentavam o período “entre a compra do amendoim e o momento do faturamento”.

Já depois de a Peanut Corporation of America ter sido identificada como estando na origem das intoxicações alimentares, Parnell pediu à FDA que autorizasse a empresa a continuar a fabricar manteiga de amendoim numa outra fábrica, no Texas, descrita por antigos empregados como “nojenta” e que acabou ontem por ser encerrada, escreve o “The New Yor Times”. Para o empresário, a companhia “precisava desesperadamente de transformar os amendoins comprados em dinheiro”.

Parnell compareceu na subcomissão de Inspecções e Investigação da Câmara dos Representantes, mas recusou-se prestar declarações, mesmo quando o congressista republicano Greg Walden pegou num frasco de manteiga de amendoim produzida pela sua empresa, perguntando-lhe se estaria disposto a prová-la.