Empresas norte-americanas se preparam para greve de imigrantes

Por Gazeta Admininstrator

De grandes embaladoras de carne a pequenas bancas de cigarro, companhias dos EUA preparam planos sobre como lidar com o protesto nacional pró-imigrantes convocada para a próxima segunda-feira (1), que pode resultar na ausência de milhões de funcionários de seus postos de trabalho. Os planos de emergência vão desde mudanças na escala e contratação de trabalhadores temporários ao encerramento das atividades nos estabelecimentos.

Organizadores dos protestos garantem que milhões de imigrantes e de seus simpatizantes participarão das manifestações, convocadas como meio de protesto contra planos do governo de declarar contraventores os imigrantes ilegais, e de construir uma cerca ao longo da fronteira do México com os EUA. Essa mobilização poderia resultar no "fechamento" de várias das grandes cidades norte- americanas.

"Vamos fechar como sinal de apoio," disse Robbie Mendez, um dos funcionários do Las Palmas Taco Bar, em Santa Cruz, Califórnia. O estabelecimento, pertencente à família dele e emprega oito pessoas. "Os imigrantes fazem muito ao contribuir para administrar este país e, segundo acredito, ao ajudarem a economia."

Várias empresas buscam conselho junto ao escritório de advocacia de Jackson Lewis, especializado em questões trabalhistas, relatou um dos sócios do escritório, Jonathan Spitz.

"Isso mostra o quanto as pessoas estão levando isso a sério," disse Spitz. De acorco com o advogado, algumas empresas estão até mesmo pensando em abrir as portas no domingo e fechar na segunda-
feira.

"Houve muita cooperação da parte das empresas e dos empregados," afirmou Spitz. "Ninguém que nos telefonou estava pensando em demitir funcionários."

A participação nas manivestações pró-imigração pode variar de comparecer a passeatas a usar roupas brancas no trabalho. No bairro de Queens, na cidade de Nova York, composto por moradores de várias etnias, centenas de trabalhadores pretendem dar as mãos e criar uma corrente humana ao longo de uma importante via de tráfego. Muitas empresas devem fechar as portas por um dia ou por alguns minutos de forma simbólica.

Apoio ao movimento
"Estamos chamando isso de um dia de solidariedade com os imigrantes," ressaltou Eduardo Giraldo, presidente da Coalizão de Câmaras Hispânicas do Comércio para o Estado de Nova York.
"Estamos pedindo que os empregadores mostrem compaixão em relação aos empregados," disse Giraldo, que pretende fechar sua empresa de seguros. "Se as pessoas decidirem não ir trabalhar, por favor, não as demitam."

A indústria da construção civil pode ser uma das mais atingidas pelos eventos, afirmou a Challenger, Gray & Christmas Inc., uma empresa de consultoria.

Cerca de 18 por cento dos 11,2 milhões de trabalhadores norte-americanos da área de construção nasceram fora dos EUA. E o setor é o que acolhe mais imigrantes sem documentação, cerca de 1,4 milhão de trabalhadores ilegais, segundo a Challenger. No Arizona, que divide uma de suas fronteiras com o México e que possui uma ampla população de imigrantes, as companhias de construção só descobrirão no último momento quem irá ocupar os postos de trabalho na segunda-feira, afirmou David Jones, presidente da Associação de Empreiteiros do Arizona.

Jones disse prever que os empregadores tolerarão as faltas. "Acho que os empregadores sabem que, sem um programa eficiente de trabalhadores convidados, teremos problemas sérios," acrescentou.

Alguns dados mostram que o Arizona poderia ficar sem 40 mil trabalhadores experientes no setor até 2014, afirmou. "O apetite por construções no sudoeste do país está tão grande que conseguir empregados para trabalhar tem sido um grande obstáculo. Se for para ser competitivo, é melhor manter uma boa relação de trabalho," disse.

No Meio-Oeste, a unidade de empacotamento de carne da Cargill Inc. decidiu interromper suas atividades em 5 processadoras de carne de vaca e em duas de porco, autorizando milhares de trabalhadores a participarem das manifestações.

"Conversamos com os empregados e muitos desejavam participar das atividades do 1o. de maio. Como compartilhamos as preocupações com muitos dos empregados, sentimos ser apropriado mudar a escala," afirmou Mark Klein, porta-voz da Cargill.

A empresa é a segunda maior produtora de carne de vaca do país e a terceira maior de carne de porco.