Energia extra na atmosfera - Pense Green

Por Fernando Rebouças

Quando estudamos sobre o efeito estufa e o aquecimento global, nem sempre temos consciência do nível de energia extra presente na atmosfera da Terra. A energia extra é proveniente da emissão de dióxido de carbono emitida na atmosfera que, em análises recentes, elevou a temperatura do planeta em 0,6 °C.

No ano de 2010, houve intensas queimadas no Centro-Oeste e na Amazônia brasileira; na Ásia, mais precisamente, no Paquistão, ocorreram intensas enchentes que desabrigaram mais de 20 milhões de pessoas; e na Rússia, ocorreu a maior onda de calor dos últimos tempos, matando centenas de pessoas ao dia, e prejudicando as plantações de trigo.

Além das mudanças climáticas, cada situação descrita acima também possui fatores locais como desrespeito ao ecossistema e avanço populacional em áreas de conservação, pois ainda é difícil para a ciência, quantificar os efeitos do aquecimento causado pelas atividades antrópicas e pela variabilidade natural do clima.

Por outro lado, a frequência das ocorrências de desastres naturais extremos tem deixado os cientistas atentos ao tema, na previsão que tais ocorrências ocorram em um ritmo maior nos próximos anos.

Segundo estudos da USP, a energia extra é responsável por estimular eventos climáticos acima da média em um planeta aquecido. Considerando o aquecimento global, o “superaquecimento” gera um calor acentuado, essa acentuação é conceituada como energia extra que não encontra uma “válvula de escape” para se dissipar da atmosfera.

Essa energia extra precisa ir para algum lugar, e como não o encontra, permanece concentrada na atmosfera, causando “anomalias” aos eventos climáticos. Em meio ao aquecimento, sabe-se que continentes e oceanos esquentam a taxas diferentes, fisicamente, é mais lento esquentar uma massa de água do que a massa da crosta terrestre, o que gera no planeta um desnível de temperatura entre os dois.

A diferença acentuada de temperatura entre o oceano e o continente desencadeia um conjunto de grandes vendavais e tempestades fortes. Sabemos que o ciclo da chuva e dos ventos depende dos mares, e o consequente aceleramento desse sistema hidrológico, permite um comportamento solto e demasiado do clima.

A onda de calor na Rússia, ocorrida em 2010, tem sido estudada de modo comparativo à forte estiagem que assolou a Europa em 2003. Essas ondas de calor, segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) são causadas por bloqueios atmosféricos. Ainda não há estudos que atestem profundamente a relação entre os bloqueios atmosféricos e o aquecimento global, mas a probabilidade nessa relação é constantemente estudada.