Ensinar bebês a ler: é possível?

Por Adriana Tanese Nogueira

Foto: How To Teach Your Baby To Read Basic Program
[caption id="attachment_112919" align="alignleft" width="300"] Foto: How To Teach Your Baby To Read Basic Program[/caption]

Desde os anos 50, quando Glenn Doman escreveu seu livro “Como Ensinar seu Bebê a Ler”, milhões de pais leram o dito livro e um incontável número de bebês começou seu caminho intelectual com excelentes resultados, sendo minha filha um deles.

Qualquer um pode observar que as crianças tem um potencial enorme à disposição, e podem realmente aprender a ler ou, no mínimo, se familiarizar intimamente com a palavra escrita ainda em idade bem pequena. Não só elas podem como elas querem, de modo que nós adultos deveríamos começar a pensar em termos positivos, ou seja, que é normal expor um bebê à leitura. Afinal, a vontade de aprender é um traço essencial e universal da humanidade (e não só!). Por que não investir nisso? Por que não abrir o maravilhoso e infinito mundo da leitura? Por que não dar a elas esse poder? Porque leitura é poder.

Não é só uma questão de saber ler cedo, mais cedo ou mais tarde, todos aprendem. É uma questão de abordar o aprender a ler e, portanto, a leitura em uma forma totalmente diferente da atual: é ver a leitura como algo bom, é gostar de ler. A leitura é como uma arma em nosso poder, um instrumento magnífico que nos permite alcançar todas as realidades por nós mesmos, sem depender dos outros, do conhecimento e da interpretação de terceiros. Ler deveria ser fácil, gostoso, divertido, meu.

O desenvolvimento cerebral é dinâmico e é um processo em constante mudança. Por que não aproveitar dessa riqueza? Ao ensinar bebês a ler, estamos estimulando os sistemas auditivos e visuais do cérebros. Mais neurônios, mais sinápsis = mais inteligência, mais articulação das ideias, mais capacidade de entendimento, o que leva a mais curiosidade, maior autoestima e sentimento de independência. Todas estas, condições indispensáveis para o desenvolvimento de si como indivíduos únicos e originais, criativos e felizes.

Assim como os músculos - que quanto mais são treinados, mais crescem -, o cérebro se desenvolve pelo uso. Ensinar os bebês a ler não só dar início a uma vida inteira de amor à leitura, mas também promove o desenvolvimento do cérebro. Ao compreender como o cérebro funciona, os pais podem usar o amor pelo filho para se tornar os melhores professores que ele jamais terá. Sim, porque ler deveria ser agradável, uma grandiosa etapa que se alcança dentro do lar, nos braços maternos e paternos, num clima de leveza. Ler é normal. Ler é desejado. Ler é fácil. Ler é indispensável!

Assim, a postura não é a da tarefa, da chatice, do fardo. A postura dos pais ao ensinar seus bebês a ler é a de alegria. Tudo começa expondo seus bebês às palavras. Palavras não são desenhos? Qual criança não reconhece os traços que identificam “McDonald’s” ou “Disney”? Elas estão lendo. Palavras são traços, rabiscos com formas, ou seja, desenhos. O potencial da criança é ilimitado: se aproveitarmos para nutrir seu cérebro agora, dando a ela os instrumentos de seu desenvolvimento, ela terá uma marcha a mais na vida. Antigamente se pensava que:

- A leitura era uma matéria de escola;

- A leitura deveria começar aos 6 (ou 5) anos;

- As crianças pequenas não estão “prontas” para aprender a ler.

Esse script é cultural. Não é uma “verdade” divina ou científica. É meramente uma aquisição cultural que está sendo questionada há mais de 60 anos. Podemos substituir essa forma de pensar com outra:

- A leitura deveria ser ensinada em casa;

- Ler é um direito de nascença de todo bebê;

- As crianças estão prontas porque ler é natural e gostoso.