Autismo: fala-se muito e sabe-se muito pouco

Por Por Dra. Ivani Manzo

É importante saber que não são as vacinas que levam ao autismo.

O autismo é um transtorno que tem três características de desenvolvimento neuronal que diferenciam os autistas dos demais indivíduos. Diminuição na interação social, diminuição na comunicação seja verbal ou não e, interesses com aspectos diferentes com comportamentos estereotipados.

O que mais se deseja estabelecer são as, ou a causa, do autismo. Porém, parece que é um transtorno multifatorial o que dificulta mais ainda estabelecer quais seriam esses fatores. Atualmente, os estudos apontam para fatores genéticos (97%) com componentes hereditários, fatores ambientais (menos de 3%). Mas nenhum deles está associado às vacinas ou alimentação materna. Remédios anticonvulsivantes podem, sim, estar associados. Além disso, muitos genes ligados ao autismo já foram mapeados.

Parece haver um desenvolvimento anormal do sistema nervoso central, particularmente no lobo frontal do cérebro. Existem alterações nos circuitos, nas vias neuronais que leva à uma alteração do comportamento.

No cérebro o córtex é a parte que está relacionada à consciência; é o local onde estão as informações que podemos ter conhecimento, mesmo que momentaneamente. Quando lembramos de alguma coisa é porque circuitos neuronais trouxeram para o córtex essa informação, e apenas assim podemos ter consciência da informação. Outra área que sofre modificações no autismo são as amígdalas. Não, as amígdalas não ficam na garganta, na garganta temos as tonsilas palatinas. Voltando ao cérebro, as amígdalas são responsáveis pela percepção do perigo e pela interação social. No autismo há um comprometimento de um circuito cerebral-chave para a interação social, que é formado por 4 grandes estruturas:

1. Córtex pré-frontal responsável pelo discernimento.

2. Região temporoparietal que é responsável pelo olhar e pelo movimento.

3. As amígdalas, responsáveis pela percepção de perigo e interação social.

4. Regiões temporais inferiores que são responsáveis pelo reconhecimento das faces.

Todas essas áreas juntas são importantes para compreender as intenções, as motivações e os pensamentos. Sem o funcionamento correto e perfeito dessas áreas ocorre, sem dúvida, uma grande dificuldade de interação e troca social. São essas as ações fisiológicas que podem explicar o comportamento diferente dos autistas.

Os estímulos que normalmente chamam a atenção da maioria dos bebês parecem não atingir os autistas. Rostos, vozes e movimentos não são capazes de estimular o cérebro dos autistas.

Com toda essa dificuldade de entender o que está acontecendo, e mais ainda, com dificuldade de perceber o que está acontecendo, encontramos a razão do comportamento característico dos autistas que se colocam fora do convívio social. Na verdade, eles não desenvolvem o interesse em compreender e interagir com outras pessoas.

O que é importante saber é que não são as vacinas que levam ao autismo, e que o diagnóstico precoce pode melhorar muito o desenvolvimento das crianças autistas.