Como lidar com o luto infantil

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A idade da criança, a proximidade, a forma como ocorreu essa perda, o que foi dito.

O conceito de morte para as crianças pode variar de acordo com a idade. Até os 3 anos, a criança não possui essa definição de finitude. Quando falece alguém muito próximo, a criança pode até perguntar alguma vezes sobre o assunto, entretanto, sua capacidade de superação pela ausência deste ente é surpreendente. A partir dos 4 anos de idade, a criança vai começando a perceber que a morte é sinônimo de fim e, começa com os questionamentos mais profundos sobre a vida e a morte, de "onde está?", "quando volta?", "porque isso aconteceu?", "Isso pode acontecer comigo também?"... Porém, somente a partir dos 8 anos de idade as crianças possuem consciência de morte de acordo com o conceito aprendido com os pais ou em seu núcleo familiar.

Muitas vezes nos questionamos sobre com que idade as crianças poderiam comparecer a algum funeral, sugiro que a partir dos 3 anos de idade, ela pode ir, antes disso também, mas não terá muito sentido para ela. Esta decisão deve depender também do grau de envolvimento da criança com o sujeito. O enterro ou funeral funciona como um ritual de passagem. É quando um ciclo se fecha. Essa é a importância. Mas, é preciso ressaltar que o problema não está na morte, está justamente em como as pessoas que ficaram lidam com ela.

Os familiares podem ajudar a criança que passa por essa situação quando entendem a morte como um processo natural. Isso não significa que eles não podem sofrer, chorar. Claro que pode! Mas não podem querer que a criança sinta o mesmo que eles. Então, caso esteja chorando e a criança perceba, aja com naturalidade. Diga o que a incomoda! Mas, lembre-se que esta é a sua dor, não é a dor da criança.

Muitas vezes estamos preocupados em causar algum trauma a esta criança que perde alguém muito próximo, mas, existem duas situações que podem ocorrer, a primeira é: Não podemos livrar a criança de todos os traumas prováveis e a segunda: isso vai depender de muitas variáveis. A idade da criança, a proximidade, a forma como ocorreu essa perda, o que foi dito, a forma como as outras pessoas viram essa perda... O que podemos afirmar é que os cuidadores das crianças não devem potencializar a ideia de morte, então o ideal é seguir, com saudade, com amor, com respeito, exatamente da mesma forma de antes, nem mais, nem menos.

Não há necessidade de conversar antecipadamente com as crianças sobre morte, esta antecipação sem motivo aparente pode provocar medo ou ansiedade. Caso a criança converse sobre o assunto, caso ela questione aos pais ou exponha que tem medo de morrer ou de que os pais ou alguém venha a falecer, aí sim é hora de conversar com naturalidade. As crianças possuem uma capacidade de compreensão e resiliência que são surpreendentes.