Ruminar, ruminar e ruminar...

Por Por ADRIANA TANESE NOGUEIRA

Pensamentos repetitivos, negativos, podem levar à depressão.

Já ficou com a cabeça cheia de um só pensamento, ou de uma corrente de pensamentos que fica se repetindo sem parar? O processo de ficar continuamente pensando o mesmo pensamento, que tende a ser triste ou tenebroso, é chamado de ruminação.

O hábito de ruminar pode prejudicar o equilíbrio mental e emocional da pessoa, causando, prolongando ou intensificando uma depressão. Pode também prejudicar a capacidade de pensar e de processar as emoções. Além disso, leva a um sentimento de isolamento que induz a pessoa a afastar os outros.

A ruminação pode ser feita de pensamentos repetitivos de caráter verbal e abstrato, não detalhado, muitas vezes seguido por visualizações de possíveis cenários -identificados como perigosos-, ou então por um processo cognitivo caracterizado por um pensamento disfuncional que foca principalmente nos estados emocionais internos e suas consequências negativas.

A ruminação mental coloca a pessoa num círculo vicioso redundante e sem saída. Esta forma de pensamento é passiva e/ou relativamente incontrolável. Emoções diferentes estão na base dele, entre elas a ansiedade, a raiva e a depressão. Dependendo do tipo de emoção que o alimenta, o pensamento repetitivo assume conotações diferentes.

As caracterísitcas comuns são:

• Pensamentos sempre iguais que se repetem;

• Negatividade: pensar sempre em coisas negativas que aconteceram, ou que poderiam acontecer;

• Não há controle: incapacidade de parar os pensamentos repetitivos;

• Conteúdo verbal: se trata de frases, não imagens;

• Abstração: não levam à ação, mas só estimulam mais pensamentos;

• Perda de energia: os pensamentos levam a perder a concentração sobre os temas que não estão ligados aos processos em questão.

A pessoa acha que de tanto pensar ela irá encontrar uma resposta. Buscar controlar situações difíceis desta forma, porém, só piora a situação. O que parece ser uma análise do problema na verdade promove uma condição sempre mais disfuncional. O desejo que assim se possa prever possíveis eventos futuros negativos é uma fantasia. Pois a ruminação amplifica a percepção individual de ser incapaz de enfrentar a situação, e impede de avaliar as eventuais alternativas que possam tanto ativar emoções positivas como produzir soluções mais adequadas para alcançar os objetivos.

O uso constante da ruminação mental cria um processo automático que leva à progressiva falta de controle sobre os pensamentos, e piora o estado de ânimo.

Quando se ruminar movidos pela raiva, o processo cognitivo mantém as emoções negativas ativas, as informações vindas do ambiente acabam sendo avaliadas todas de forma incorreta ou inadequada.

Se o indivíduo atribuir a causa dos eventos a fatores externos, a ruminação facilita o aparecimento de comportamentos violentos e aumenta a raiva. Se, ao contrário, a pessoa se reconhecer como responsável pelo evento que causa a ruminação, apesar de aumentar os estados emocionais de raiva e a ativação fisiológica dela, não chega a ter perda de controle, mas uma redução do estado de bem-estar.

Para concluir, a ruminação mental é um processo automático que faz a pessoa perder o controle sobre a realidade, tanto interna como externa, e manifesta uma série de desconfortos emocionais e comportamentais.

Todavia, sendo este um estilo de pensamento aprendido é possível identificar estratégias eficazes para interrompê-lo. Obviamente, é necessário um acompanhamento psicoterapêutico para ajudar a pessoa a tomar consciência de como está funcionando e a reconhecer o dano provocado por tais processos. A partir daí se pode encontrar novos processos cognitivos que interrompam a cadeia de pensamentos repetitivos e criem um pensamento efetivo e transformador.