Antidepressivos cobram um alto preço pelo alívio temporário

Por Por Dra. Ivani Manzo

Estudo indicia que 66% desenvolveram ataques de pânico.

A depressão é uma doença mental e isso significa que o que está errado, está no Sistema Nervoso Central. Muito diferente de uma úlcera gástrica, por exemplo. Isso quer dizer que o medicamento usado tem ação central, age no Sistema Nervoso Central. Muda o comportamento e os sentimentos das pessoas.

É fácil entender. Da mesma forma que um descongestionante nasal irá agir na produção de secreção, um antidepressivo irá agir onde a depressão está, no cérebro.

Pense comigo: se você sente dor porque quebrou o braço e toma um analgésico e a dor passa, como você irá se sentir? Feliz, eu acredito. Quando o efeito do analgésico passar a dor volta, e a sua felicidade vai embora, o que te leva a tomar analgésico novamente. Enquanto isso o seu osso do braço está calcificando e a origem da sua dor some. Assim, você não precisa mais tomar analgésicos.

Vamos agora fazer o mesmo raciocínio para a depressão. Você tem depressão e um médico indica um antidepressivo. Quando você toma esse remédio a sua depressão diminui, e você se sente feliz novamente. Enquanto isso, nada, absolutamente nada de positivo está acontecendo no seu cérebro. Não haverá processo de cura como na fratura, a menos que você busque uma terapia. O remédio elimina os sintomas, mas não promove a cura. E diferentemente do analgésico que apenas elimina a dor e a inflamação, o antidepressivo faz com que nosso corpo produza cada vez menos aquela substância que já existe em pouca quantidade em quem tem depressão. O nome desse processo é "down regulation", ou como se fala mais rotineiramente, resistência ao medicamento. Como você se sente deprimida(o) novamente, retornar ao médico é comum e ele aumenta a dose do remédio. Mais estrago será feito no seu cérebro.

Um estudo (1) mostrou que 61% das pessoas que deixaram de usar antidepressivos tiveram síndrome de abstinência, e 44% os sintomas foram descritos como severos. 66% desenvolveram ataques de pânico e/ou ansiedade, e 62% apresentaram grande irritabilidade. Menos de 1% não apresentou efeitos de abstinência. Esse estudo foi feito em 31 países, o que mostra que não há relação cultural ou comportamental e sim apenas o efeito da droga antidepressiva.

Usando novamente o exemplo do braço quebrado, quando se sabe a causa da enfermidade e se trata a causa podemos ter a cura. A causa da dor era o osso quebrado, a cura estava na redução da fratura e na imobilização. O analgésico apenas melhorou sintomas. No caso da depressão também existe uma ou mais causas, e se essas causas não forem tratadas não haverá cura.

Se não houver cura a pessoa ficará permanentemente doente e refém do remédio que inibe os sintomas. E pior, achando que está em tratamento. Mas não estará se tratando a menos que faça terapia. O triste dessa história toda é que os profissionais de saúde sabem disso e não avisam aos pacientes. Não avisam por várias causas que não quero julgar aqui. Então, cada vez que uma droga for receitada, pergunte muito até entender tudo que pode acontecer com o uso desse medicamento.

Referência:1.https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0306460319309001#f0005