Entrevista com o ídolo da Ponte Preta, Roberto Volpato Neto - Mano a Mano

Por Mano Thiago

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A cada ano que se encerra, vejo o quanto aprendo na vida conhecendo pessoas que, sem dúvida nenhuma, são vitais para a compilação da minha formação pessoal e profissional. Cada entrevista para o rádio ou imprensa escrita, considero uma experiência gratificante. Hoje, Campinas, a 95 quilômetros de São Paulo, uma cidade, sem modéstias, maior que muitas capitais do Brasil e do mundo, abriga o catarinense de Orleans, Roberto Volpato Neto, 34 anos, ídolo da Ponte Preta, pai da Manuela, uma menina encantadora, parece um anjo loiro, com cabelos herdados de sua mãe Mônica. Um pai emotivo e um homem apaixonado, sem medo de chorar de emoção. Mano Thiago - Roberto, sua filha é sua inspiração para se tornar o ídolo da Ponte Preta. Ela entende o que você faz? Roberto - Eu sempre brincava com a criançada e imaginava uma dia ter meu bebê. Um filho, um filha, pra brincar comigo... É complicado porque nós, jogadores de futebol,  ficamos muito tempo fora. Às vezes estou em casa e ela vê eu me arrumando, colocando a roupa da Ponte e diz: ‘Onde é que você vai?’. E eu falo: ‘Eu vou para o hotel’. Aí ela responde: ‘De novo esse hotel, de novo!’. Ela é pequenininha ainda. Não tem a noção exata. Mas tenho um exemplo do jogo contra o Coritiba. Ela estava assistindo a partida com minha esposa Mônica e falou para ela: ‘Mamãe, será que nós rezamos errado hoje? Papai tomou cinco gols...” (pausa para lágrimas. Com um suspiro profundo, olha para a esposa). Para o jogador de futebol ter uma pessoa junto ajuda bastante. A Mônica sempre esteve do meu lado e sabe o que é ter que ficar longe em dias concentrado. Às vezes, a Manu pergunta por mim e ela tem que inventar histórias, que o papai está em algum lugar. Ela é muito importante nas nossas vidas. Mano - Você começou no Criciúma, de Santa Catarina, em 1999; foi para o Moreinense, de Portugal, em 2002; de 2003 e 2004 jogou no Vitória de Setúbal, também de Portugal; retornou ao Criciúma e chegou ao Vasco em 2005. Como foi viver longe do senhor Mário e a Dona Celina, seus pais? Roberto - Cada escolha é uma renúncia. A saudade me dá força para ser alguém ainda melhor. Não adianta querer abraçar duas coisas. Jogar futebol é cortar dedos. Você pega a mão e vai cortando. Dia dos Pais, Dias das Mães, Páscoa e, às vezes, até Natal você não vai passar com eles. Todas as profissões têm lados bons e ruins. Não é um mar de rosas, mas é o que gosto de fazer e tiramos de letra também. Quando chego em casa e vejo os rostinhos da Manu e da Mônica, tudo é só alegria, esse é meu mundo. Mano - Agora é fácil entender o olhar pensativo e distante, antes do jogos. Roberto - Realizei um sonho com você. Falei das minhas maiores riquezas, não falei de futebol, valeu irmão.