Entrevista: Rodrigo Santoro e Nazanin Boniadi falam de seus papéis em Ben-Hur

Por JANA NASCIMENTO NAGASE

Foto: Paramount Pictures

Jana- Rodrigo, quais foram as exigências físicas para as suas personagens? Rodrigo Santoro - Muitos hematomas internos, e não externos. Foi muito trabalho e preparação. Para mim foi apenas entrar em uma dieta, porque achei que era apropriado para interpretar Jesus. Estamos falando de Jesus Cristo, então nós temos uma ideia ou expectativa de como ele deveria estar naquele momento. A cena da crucificação foi incrivelmente difícil, porque estava muito frio. Então, eu me lembro porque meu corpo estava completamente congelado, era insuportável. Estávamos todos lá prontos para fazê-la. Era um lindo dia ensolarado, mas nevou na noite anterior. Foi real e muito doloroso. Isso só fez com que o momento ficasse mais profundo. Eu e os outros dois atores fizemos a cena da crucificação, sem dublê. Fizemos em uma longa só tomada. Jana - Rodrigo, você tinha algum receio em interpretar uma personagem ícone como Jesus Cristo? Rodrigo - Já sendo um ser humano, há todos os tipos de medos. O peso, a responsabilidade, o desafio, eu pensei sobre isso e tudo estava lá. No primeiro dia, quando eu recebi o convite para o papel, eu tentei dar sentido e tentar raciocinar as coisas. Mais tarde, eu meio que comecei a sentir algo muito forte, como 'sabe o quê? Eu adoraria passar por esta experiência’. É uma oportunidade única e no momento certo da minha vida como ator e como homem. Foi provavelmente o ‘sim’ mais fácil que já falei. Jana - Por quanto tem você ficou na cruz? Rodrigo - A tomada durou 20 minutos, foi uma longa tomada porque pedi para ser assim. Fiquei uma hora na locação, mas eu tive 6 ½ horas na cadeira de maquiagem antes disso. Então, eu cheguei à 1:30 da manhã na sala de make-up. Passei a noite, fazendo a maquiagem no meu corpo, e então depois nós dirigimos até a montanha. Quando eles abriram a porta, estava ventando, estava muito frio, mas tinha uma crucificação que precisava ser gravada. Daquele momento em diante, eu meio que não me lembro de muita coisa porque eu estava realmente com muito frio. Eu estava tentando ser corajoso, e fazer isso para Jesus Cristo. Isso me ajudou muito naquele momento, porque estava insuportável. Eu acho que meu cérebro estava congelado. Foi um sentimento muito bom, muito bonito. Realmente me permitiu falar do coração. De certa forma, isso ajudou. Pode parecer estranho, mas aquele frio congelante realmente ajudou.

[caption id="attachment_123402" align="alignleft" width="300"] Esta colunista com o ator brasileiro.[/caption]

Jana - Nazanin, qual foi a sua reação quando você foi abordada pela primeira vez para fazer Ben-Hur? Nazanin Boniadi - Foi impressionante e assustador pensar que eu iria ter tamanha responsabilidade. Acho que, no final das contas, você tem que tirar isso da sua mente e pensar na tarefa principal, que é contar essa história, que é mais relevante hoje do que nunca. Ainda não aprendemos as lições que esse filme tem, que é o amor incondicional e o perdão. Pensando assim, eu acho que nós precisamos desta história e ter uma releitura agora. Não acredito que seja um remake porque é diferente em vários aspectos da versão de 1959. É assim que eu me preparei. Pare de pensar que este é o filme Charlton Heston, mas pense que é uma linda história baseada em um romance escrito em 1880, com temas que são tão universal, tão relevante, oportuno e atemporal que precisa ser contada. Jana - Qual é o peso em interpretar uma personagem feminina forte no filme? Nazanin - Eu apreciei muito porque eu sinto que, muitas vezes, uma mulher é secundária ou terciária para os protagonistas masculinos. Neste caso, é o Judá e Jesus Cristo que levam a história adiante, e há também a rivalidade entre Messala e Judá. A história de Ester é que ela é altamente inspirada pelo caráter de Jesus, onde encontra coragem e força e ajuda a puxar Judá de volta à sua jornada. Ela, então, torna-se essencialmente vital para a história, e de uma forma que não apareceu na versão de 1959. Então, eu adorei o roteiro porque a protagonista feminina é tão crucial. Uma curiosidade: o clássico Ben-Hur de 1959, na época, foi o filme mais caro e maior já produzido, e arrecadou quase 10 vezes mais que o seu orçamento, de $15 milhões dólares, além de ter recebido onze prêmios Oscar.