A era da consciência social - Negócios & Empresas

Por BBG

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O mundo já passou por várias eras: Idade Média, Renascentismo, Revolução Industrial, e estamos em plena Era da Informação e Tecnologia. Mas, para que a sociedade encontre seu ponto de equilíbrio, é preciso que atinjamos a Era da Consciência Social.

O que vem a ser isto? É uma nova visão da sociedade atual que procura conciliar os benefícios sociais já adquiridos, porém, melhor fiscalizados, com os incentivos para novos empreendimentos, onde brilham as forças inovadoras e visionárias que fazem com que o mundo caminhe para uma direção melhor.

Sem isto compreender e de alguma forma harmonizar, nossas vidas pessoais e familiares, assim como nossas atividades profissionais e comerciais tateiam, como que se caminhássemos num túnel sem luz, conduzindo-nos a direção incerta. Este processo, de certa forma angustiante, leva-nos à perda de qualidade e eficiência no desenvolvimento de nossos projetos. Compreendê-lo é, a nosso ver, fundamental para nosso sucesso como empreendedores.

Difícil imaginar algo mais criativo e inovador do que a tecnologia que domina o planeta hoje em dia, a ponto de nos sentirmos ignorantes digitais tal a velocidade com que são lançados novos dispostivos, equipamentos e aplicativos. Entretanto, se todo este aparato for direcionado apenas para se ganhar dinheiro e não promover o bem-estar social, ele não tem significado. É algo que não perdurará e cairá no esquecimento, como alguns cantores que fazem sucesso com uma música só.

E as consequências econômico-sociais serão enormes e contínuas, trazendo em seu bojo um grande desgaste a todos atingindo e afastando a sociedade de seu objetivo natural de busca à felicidade. Precisamos de mais, de um atualizadíssimo ‘Contrato Social’, tomando emprestado o nome e o espírito da obra maior de Jean Jacques Rousseu, no século XVIII.

As novas invenções, os novos programas sociais e os novos serviços oferecidos precisam propor alterações do status quo de maneira  que mais pessoas sejam inseridas no contexto de serem protagonistas sociais e não somente participantes, a exemplo dos vidiotas que veem a vida passar por eles em um pequeno visor, sem que sejam agentes de mudanças.

Ou seja, os ricos – a turma do 1% - têm de saber engajar boa parte do pessoal dos 99% para que o mundo possa ser mais equânime, justo e também solidário. Se os muito ricos insistirem em viverem encastelados como se morassem na ilha da fantasia, correm o risco de ver a história se repetir e terem suas cabeças cortadas por hordas de famintos, como ocorreu na Revolução Francesa. Não, não se trata de caridade. O que se propugna é um encurtamento da distância que separa os super ricos dos outros mortais e a abertura de oportunidades reais para que todos possam galgar  degraus mais elevados na sociedade e, por via de consequência, para ela também melhor contribuir.

Ninguém está aqui sugerindo que haja uma revolução ou defende o comunismo como uma alternativa de poder, até porque já ficou comprovado que este sistema consegue ser pior e mais injusto do que o capitalismo. O que se busca é uma interação social para que todos possam pensar juntos soluções para os problemas que afligem o planeta hoje e que, com certeza, se agravarão no futuro.

Pouco tempo atrás, quando se falava de efeito estufa causado pela ação do homem, os mais céticos ironizavam e diziam que isto era argumento de sonhadores e socialistas que queriam impedir o progresso das nações e do mundo. Hoje, cada vez mais fica confirmado que esta teoria tem seu fundo de verdade e deve ser, no minimo, respeitada.

Muita gente quer conquistar ascensão social não importando os meios, desde que o fim seja alcançado: dinheiro no bolso. No último ano, o Supremo Tribunal Federal do Brasil deu uma lição nos corruptos locais, condenando-os por seus atos, e ganhando assim o reconhecimento dos brasileiros honrados que já estavam cansados de tanta safadeza não ser punida. E o bom exemplo sempre prevalece, para receio dos malandros aproveitadores que calcam suas atividades nocivas na proteção da impunidade.

E a ética deve prevalecer em todas as instâncias e em todos os momentos. Na sociedade atual, valoriza-se o ter em detrimento do ser. Isto vale desde o porteiro que faz vistas grossas para entrada de elementos suspeitos, desde que devidamente engraxado por gorjetas, passando por taxistas que rodam mais com o veículo para aumentar a corrida,  até estabelecimentos comerciais, como bares e restaurantes, que cobram mais do que foi consumido na nota, aproveitando-se da distração do cliente. E chega à polícia que achaca comerciantes e faz acordo com bandidos em troca de armas e de proteção e atinge os altos escalões de empresas e órgãos de governo, onde o pagamento de propinas é algo institucionalizado.

Como se vê, é mesmo necessário implantar a Era da Consciência Social. Ela deve permear o comportamento das pessoas de bem e punir os transgressores. Pode parecer uma utopia, mas só saberemos se a proposta funciona se a colocarmos em prática.

Você, empresário brasileiro em terras estrangeiras, assim como nossos leitores, deve procurar pautar-se por uma elevada ética em suas atividades. Não importa sua fé, ou origem social. O bom exemplo prevalecerá e tornará as atividades de todos mais respeitadas e lucrativos, em todos significados da palavra. Assim, todos sairemos ganhando, em especial as gerações futuras.

Coluna do BBG - Brazilian Business Group Luigi Pardalese, presidente do Pardalese Institute, FL