Escândalo de corrupção cresce nos EUA e preocupa republicanos

Por Gazeta Admininstrator

Jack Abramoff pode ser condenado a até 12 anos de prisão
Em Nova York, é a Wall Street. Em Washington, é a K Street, a rua por onde trafegam os lobistas.
Jack Abramoff se esmerou nas negociatas ao longo de uma década e agora, como o cínico inspetor de polícia Renault no filme Casablanca, os políticos se dizem chocados, chocados com as atividades do superlobista.

Eles estão também preocupados, preocupados.

Jack Abramoff fez acordo com promotores federais que investigam um dos maiores escândalos de corrupção política na história de Washington.

Em vez de 30 anos de prisão, ele poderá pegar agora entre 9 e 12. O escândalo se transfere do lobista republicano para parlamentares e assessores legislativos que supostamente aceitaram o que Abramoff agora diz que foi suborno.

Prática comum

De certa maneira, os políticos têm razão para se sentirem chocados, chocados. Muitas das transações tramadas por Abramoff são prática comum em Washington. Mas ele foi um extremista, indo além das práticas rotineiras.

Há cálculos que cerca de 300 congressistas receberam contribuições de Abramoff e seus clientes.

O Wall Street Journal lembra que com o acordo feito com promotores, o superlobista pode criar um superestrago, implicando 60 parlamentares.

Na zona mais perigosa está Tom DeLay, o ex-líder da maioria republicana na Câmara dos Deputados, afastado da chefia por ter sido indiciado no seu próprio escândalo de lavagem de dinheiro de campanha.

Nos dias de farra, DeLay era um íntimo aliado de Abramoff.

Como relata o Los Angeles Times, à medida em que se aprofundam as investigações sobre corrupção, fica mais evidente como DeLay assumiu significativos riscos políticos com uma estratégia que parecia brilhante para dominar Washington: transformar a rua K em uma máquina de arrecadação de fundos para o Partido Republicano.

Abramoff foi figura-chave no estreitamento dos laços entre lobistas corporativos e políticos republicanos no que ficou conhecido como o "projeto da rua K".

Os tentáculos de Abramoff chegaram ao alto escalão tanto do Congresso como da Casa Branca, embora não haja indicações de que o presidente George W. Bush esteja diretamente implicado.

Mas todo mundo está chocado, chocado e quer distância do agora leproso político e judicial Abramoff.

Nesta quarta-feira, o comitê de reeleição de Bush anunciou que está doando para a caridade 6 mil dólares que recebeu do superlobista na campanha.

O mesmo fora feito já na terça-feira por Dennis Hastert, o presidente republicano da Câmara.

Para a oposição democrata, os novos lances do escândalo Abramoff são munição para a fuzilaria acusando os republicanos de terem cristalizado uma "cultura de corrupção" em Washington.

Mas os tentáculos de Abramoff também alcançaram congressistas democratas, embora as manchas mais sujas sejam visíveis entre os republicanos. Em primeiro lugar, porque eles estão no poder e em segundo porque prometeram restaurar a integridade em Washington, quando reconquistaram o Congresso em 1994.

Os republicanos estão ansiosos para saber qual será o impacto de mais este escândalo nas eleições para o Congresso em novembro. A torcida é para que os eleitores digam que não estão chocados, chocados com a corrupção bipartidária que assola Washington.