Escolas de Broward se transformam em zona segura para indocumentados

Por Gazeta News

Em meio à onda de deportações de imigrantes indocumentados no país, as escolas de Broward anunciaram apoio aos seus estudantes imigrantes e às respectivas famílias, se mostrando como um território seguro aos alunos e à comunidade imigrante.

Geralmente, os funcionários da Imigração e da Alfândega evitam deter indocumentados em lugares tido como sensíveis, como hospitais, igrejas e escolas, mas mesmo assim as famílias ainda estavam com medo de levar seus filhos para a escola.

A necessidade do plano de apoio Broward seguiu uma crise estudantil com o aumento do medo entre as famílias do sul da Flórida, que nos últimos meses passaram a se esconder, enviando seus filhos para a escola com outras famílias para que não sejam identificados ou não enviando mais as crianças para as aulas, segundo grupos locais de apoio aos imigrantes. Alguns pais assinaram a tutela de seus filhos para outras pessoas que estão legalmente no país para que seus filhos tenham algum lugar para ir se os pais forem detidos.

A decisão do Conselho Escolar ocorre em confronto com a política imigratória do presidente Donald Trump, que exigiu uma repressão aos imigrantes que estão no país sem documentação. "Independentemente de qualquer decisão que o governo faça, estamos comprometidos com nossos alunos e com a continuação de sua educação e trabalharemos com cada aluno e sua família para garantir que isso aconteça", disse Dan Gohl, diretor-geral da Broward.

Organizações de advogados de imigração e funcionários distritais criaram o plano de apoio "Nós somos Broward" depois que o distrito declarou todas as áreas escolares e atividades relacionadas à educação como zonas seguras para indocumentados.

O conselho escolar aprovou uma resolução em março afirmando que exigiria mandados judiciais de agentes federais que procuram informações sobre estudantes e o advogado do distrito escolar determinaria se o pedido seria permitido.

As escolas de Broward possuem cerca de 33 mil estudantes estrangeiros, cerca de 1 mil a mais do que no ano passado. O número de latinos matriculados no último ano letivo é de 89,073 ou 32.9% dos alunos. Os alunos provêm de mais de 200 países diferentes e cerca de 180 idiomas estão representados, segundo um funcionário distrital.

Dentre as iniciativas propostas estão novas aulas sobre cultura, diversidade e imigração apresentadas pelos professores, enquanto os administradores se preparam para lidar com crises estudantis relacionadas ao status de imigração. As escolas também divulgarão folhetos em várias línguas para que as famílias saibam sobre recursos que possam ajudá-los.

Por sua vez, os alunos estarão envolvidos liderando assembleias ou montando grupos de apoio à diversidade em suas escolas e organizações comunitárias criaram o site immigrantfamily.org que lista direitos, recursos e planos de preparação familiar em uma variedade de idiomas para as famílias imigrantes.

Em março, o Conselho Escolar do Condado de Miami-Dade determinou que o distrito também fosse uma zona segura para estudantes imigrantes indocumentados, impedindo ação de agentes do ICE dentro da área escolar.

Nas escolas de Palm Beach County, o absenteísmo aumentou entre os estudantes hispânicos e alunos que ainda aprendem inglês, levando o superintendente Robert Avossa a considerar ações drásticas, como levar à prisão os pais dos filhos faltosos.