Semanas depois do nascimento de sua filha, o brasileiro Jerônimo Cassimiro, de Deerfield Beach, ainda não consegue acreditar na montanha russa de emoções que passou no dia 23 de setembro: o nascimento da filha, a notícia que sua esposa estava morta, o sentimento de emoção ao ser informado que ela ressuscitou, o perigo de que tivesse danos cerebrais e, finalmente, hoje ver sua família feliz e unida.
“Ainda não consigo acreditar em tudo que aconteceu”, disse Jerônimo ao GAZETA.
Na tarde do dia 23 de setembro, a cubana Ruby Graupera-Cassimiro, de 40 anos, deu à luz a uma menina, Taily. Logo depois, veio a notícia de que seu coração havia parado após o término da cesariana. Jerônimo, a mãe de Ruby e outros familiares presentes foram informados de que teriam que em breve dizer adeus.
“Quando os médicos falaram que era a hora da despedida, a única coisa que pensei foi: ‘Deus não me deixará sozinho criando as crianças”, diz Jerônimo sobre a recém-nascida e o filho mais velho, de 7 anos.
Quase três horas depois e após inúmeras tentativas dos médicos do Boca Raton Regional Hospital de tentar ressuscitá-la, algo muito incomum aconteceu: o coração de Ruby voltou a bater.
“Estávamos destroçados. Eu pedi que familiares se despedissem antes e nos unirmos no corredor para orar. Eu não queria dizer adeus. Até o médico veio orar conosco. Foi nesse momento que uma enfermeira veio e disse: melhor vocês não pararem de rezar, pois o pulso dela está voltando”.
Jerônimo foi o primeiro a entrar no quarto. “Eu toquei nela e senti a diferença. Antes ela estava fria, branca, com aparência de morta mesmo. Depois que o coração voltou a bater, toquei em seu braço e vi os pelos se arrepiarem”, conta o mato-grossense que trabalha com restauração de mármore. “Foram três horas de muita aflição e sofrimento”. “Ela ficou quase uma hora sem pulso e a tentativa de ressuscita-la durou quase três horas”, disse à “Associated Press” o Dr. Jordan Kanurr, o anestesista que também liderou o processo de tentar salvá-la. “Nunca vi algo assim, nem outros anestesistas e médicos com os quais eu trabalhei”.
De acordo com o médico, tudo começou com uma cesariana de rotina, mas Ruby sofreu uma parada cardíaca por uma rara embolia do líquido amniótico, que acontece quando o fluído que cerca o bebê no útero entra na corrente sanguínea da mãe, entupindo o coração e criando uma espécie de vácuo que para a circulação. O pulso voltou quando os médicos estavam prontos para desligar os aparelhos. “Para manter a história simples, eu realmente acredito que isso seja um milagre”, disse o anestesista.
Ruby também não tem dúvidas de que o que aconteceu com ela foi um milagre. “Nós nunca frequentamos igreja, mas sempre acreditamos em Deus. Minha família é testemunha e me viu ressuscitar”, contou Ruby ao GAZETA. “Além de tudo, os médicos ficaram surpresos por eu não ter nenhuma sequela, como dano cerebral, depois de ficar tanto tempo sem circulação. Muito pelo contrário, tive uma recuperação muito rápida. Em menos de 24 horas eu já respirava sem a ajuda de aparelhos”, conta ela, que ficou quatro dias internada.
Havia aproximadamente 15 pessoas presentes no momento em que Ruby acordou do coma, entre familiares que vieram de Miami ao saber das complicações e a equipe médica. “Não tinha ideia do que havia acontecido quando acordei. Para mim, era como se o tempo não tivesse passado. Eu vi toda a minha família em volta de mim, mas suspeitei que algo havia acontecido quando vi minha família de Miami no hospital”, disse Ruby. “Uma enfermeira só disse que passei por complicações”.
Somente mais tarde, ao ouvir pessoas falando sobre o assunto no hospital, foi que Ruby se deu conta do que aconteceu. “Eu ouvi alguém falando que aquele caso se tratava de um milagre. Foi aí que disse para mim mesma: ‘acho que estão falando de mim’”, relata a cubana, que trabalha com recursos humanos e em breve volta a trabalhar. A história gerou repercussão em todo o país. Na próxima semana, Ruby embarca para Nova York para participar do programa do Dr. Oz. “Minha conclusão é que somente Deus dá e tira a vida das pessoas”.