O que está por trás dos atentados do PCC em São Paulo

Por Gazeta News

PCC

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo – após quatro meses desde que recebeu um pedido de recursos do governo de São Paulo que visava reforçar o aparato de segurança do estado – ofereceu ao estado, no dia 6, 300 vagas em presídios de segurança máxima, para onde poderão ser enviados criminosos que se envolverem em mortes de agentes públicos.

Neste ano, já foram assassinados 90 PMs e três agentes penitenciários no estado de São Paulo. A oferta já havia sido acertada em um telefonema da presidente Dilma Rousseff para Alckmin.

A unidade com mais vagas disponíveis é Mossoró (RN). É também a mais odiada pelos detentos – nesta época, o calor passa dos 35°C e recentemente houve problema de abastecimento de água.

O governo federal espera por uma lista de criminosos que o estado pretende isolar. Há expectativa de que Marcos Camacho, o Marcola, seja incluído na lista. Em 2006, ele comandou a última grande onda de violência desencadeada em São Paulo, com a ajuda de outros líderes dentro dos presídios estaduais. Na ocasião, ele e outros criminosos foram transferidos para presídios de outros estados, mas os bandidos continuaram fazendo as ordens chegarem aos comparsas.

Caso a transferência ocorra, será a primeira vez que detentos paulistas serão isolados em bloco nos presídios federais. O ministro também promete entregar um relatório sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC) com informações sobre o modo de atuação do grupo hoje, como ele faz circular seus recursos e um perfil dos seus principais líderes dentro e fora das prisões.

PCC A guerra que estourou entre policiais e criminosos, nas últimas semanas, em São Paulo tem origem em duas mudanças. A primeira foi a troca de comando na Secretaria de Segurança Pública paulista, em março de 2009. Ao assumir a pasta, o ex-promotor de Justiça e ex-oficial da Polícia Militar, Antonio Ferreira Pinto, fez uma faxina na cúpula da Polícia Civil, então às voltas com escândalos de corrupção, e definiu o combate ao crime organizado como uma de suas prioridades. Para isso, integrou os vários departamentos de inteligência - o da polícia Civil, o da Militar e o da Secretaria de Administração Penitenciária, que monitora os presos - e elegeu a Rota como a tropa que o ajudaria a efetivar seu plano.

Grupo de elite da PM paulista, a Rota não tem uma região de atuação específica - então, pode ser acionada para agir em determinado crime ou para executar operações previamente planejadas. Sua primeira operação sob o comando de Ferreira Pinto, em abril de 2009, resultou na prisão de dezoito bandidos da facção criminosa PCC.

Entretanto, houve comprovados abusos por parte da Rota, como na operação feita em maio deste ano, em uma favela na Zona Leste de São Paulo. Nela, um criminoso do PCC, já rendido, foi executado às margens da Rodovia Ayrton Senna, servindo de pretexto para que lideranças menores do PCC ordenassem a matança de policiais. “Se for executado um (integrante do bando) será executado 2 policial (sic)”, dizia um dos bilhetes vindos de criminosos que passaram a circular em favelas da Zona Sul de São Paulo. Numa delas, a de Paraisópolis, a polícia encontrou, na semana passada, um conjunto de papéis supostamente pertencentes ao PCC. Eles incluíam uma lista com o nome e a rotina de quarenta policiais, prováveis alvos do bando.

Até agora, as investigações apontam que os maiores líderes do PCC, como o detento Marcos Willians Camacho, o Marcola, não têm envolvimento nos crimes. Há tempos a facção criminosa deixou em segundo plano a prática de extorquir presos para se dedicar à, muito mais lucrativa, atividade do tráfico de drogas.

Com informações da revista “Veja” e “Estadão Conteúdo”.