Estatísticas e a prevenção

Por Igor Pipolo

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Recentemente, surgiu a necessidade de pesquisar criteriosamente as estatísticas de crimes numa região do Brasil. Já não era de causar muito surpresa o que iria encontrar.

Quando a pesquisa é sobre assalto/roubo, não precisa ser muito esperto para saber que há uma lacuna enorme entre os números oficiais e a realidade. Alguns Estados chegam a apresentar números tão baixos que não condizem com o sentimento e experiências das pessoas que vivem no lugar.

De fato, os crimes contra a vida podem até ser confrontados com os registros dos hospitais e se chegar a um número consistente, entretanto, os crimes contra o patrimônio não são fáceis de se apurar com precisão.

Em geral, nos casos de pequenos roubos e furtos, as pessoas alegam a dificuldade em registrar uma ocorrência policial pela demora, excesso de burocracia, mau atendimento e até mesmo por saber que muitas das ocorrências virarão um mero papel sem fruto investigativo como deveria ser.

A ideia de fazer o BO - Boletim de Ocorrência é a de dar início a um processo investigativo para apurar a autoria do crime e levar a prisão os culpados. Na prática, o BO termina sendo apenas um documento onde a vítima registra o fato e o utiliza basicamente para efeitos legais (bancos, seguradoras, documentos e outros), na maioria dos casos.

Por curiosidade, fiz a mesma pesquisa na Flórida (EUA) e encontrei num site aberto ao público (www.crimereports.com) as estatísticas por rua, com a descrição do crime, a foto e dados pessoais do criminoso, data e outras informações relevantes. No próprio site é possível você determinar uma área de alerta e ser informado (por dia, semana ou mês) sobre os tipos de ocorrência que acontecem na sua região. Transparência total!

A Polícia Federal tomou uma medida importante no controle de passaporte, colocando pessoas terceirizadas para conferir o documento e registrar no sistema. Parte do atendimento nas delegacias poderia ser feito por profissionais da área de humanas (ex: assistente social), devidamente capacitados e suportados por tecnologia e supervisão. Com isso, além de melhorar o atendimento, sobrariam mais policiais para fazer a atividade fim: investigar!

O efeito dessa rede de informação integrada é tão importante quanto o de registrarmos qualquer tipo de ocorrência. Assim, em pouco tempo teríamos um extrato da verdade de como realmente está a violência nas cidades ou se é só uma sensação de insegurança como tentam minimizar alguns.