Estrangeiros aproveitam crise para estudar na Venezuela

Por Gazeta News

universidade zulia venezuela
[caption id="attachment_176456" align="alignleft" width="383"] Universidade de Zulia, Venezuela. Foto: Mayreth Casanova.[/caption] A Venezuela está vivenciando uma situação inusitada perante a crise que assola o país: enquanto milhares de estudantes venezuelanos abandonam seus estudos - e o próprio país - para fugir da crise, outros universitários estrangeiros fazem o caminho inverso. O país tem visto um crescimento de estudantes estrangeiros interessados em especializações, mestrados e doutorados. Como a qualidade dos professores sobreviveu apesar dos déficits orçamentários, da diáspora de moradores e da alta inflação, alunos estrangeiros encontraram nisso uma boa oportunidade para economizar nos estudos. Profissionais da Colômbia e do Equador interessados em especializações, mestrados e doutorados estão encontrando nas universidades públicas da Venezuela uma combinação perfeita: taxas de matrícula muito baixas e qualidade educacional, apesar da crise. As áreas buscadas são Medicina, Odontologia, Engenharia, Direito, Veterinária, Humanidades e Agronomia e os estrangeiros são em maior parte da Colômbia, Bolívia e Equador. Um doutorado na Universidade de Zulia custa US$ 1.500 (cerca de R$ 5.700) por semestre, mais US$ 500 de inscrição. No total, US$ 8.000 (R$ 30 mil). Cada ida para a Venezuela, considerando gastos com passagens aéreas, hospedagem, alimentação e transporte local, soma mais US$ 1.000 (R$ 3,8 mil). Um dos alunos estrangeiros, Tito Bohórquez, engenheiro agrônomo, viaja duas vezes por ano de Los Ríos, no Equador, até Maracaibo, noroeste da Venezuela, para participar das aulas presenciais do seu doutorado em Ciências Agropecuárias. A distância é de 2,5 mil quilômetros. Ele arca com passagens aéreas, hotel e alimentação, mas diz que mesmo assim vale a pena. EUA negam envolvimento em suposto atentado contra presidente da Venezuela O aumento de estrangeiros também tem sido benéfico para a Universidade de Zulia. É uma instituição centenária e dependente do Estado venezuelano, que vive um forte déficit orçamentário. Assim, as mensalidades pagas pelos estudantes de pós-graduação estrangeiros permitem que a universidade pague os salários dos professores, adquira equipamentos e mantenha as estruturas. "É uma relação de ganha-ganha. Isso significa que podemos manter a universidade aberta", opina Raaz. O nível acadêmico da Venezuela é um dos atrativos. Os professores venezuelanos com títulos de doutor, a maioria formados em universidades da América do Norte e da Europa, fazem com que os programas de pós-graduação sejam de alta qualidade. Missionário americano preso na Venezuela por dois anos é libertado Víctor Granadillo, doutor em Química, autor de 300 artigos em revistas científicas e tutor de alunos estrangeiros, afirma que os 50 professores que integram seu departamento na Faculdade de Ciências têm doutorado. Venda de vagas A matrícula de estrangeiros, porém, gerou polêmica. O jornal local Versión Final publicou, em junho, uma série de reportagens sobre a venda de vagas de pós-graduação para estrangeiros na Universidade de Zulia por até US$ 5 mil. A Faculdade de Medicina acabou anunciando a demissão de quatro profissionais acusados de participarem do esquema de fraude. Com informações da BBC News.