Estudo: campanhas estão ligadas a mais verba para pesquisas médicas

Por Gazeta News

pesquisa cancer

Um estudo traça um paralelo entre o avanço das pesquisas médicas e o aumento no número de campanhas focadas em uma doença em particular.

Desde os anos 80, um número crescente de grupos de apoio na área de saúde têm pressionado Washington por mais fundos para a pesquisa. Conforme esses grupos crescem em números, o estudo diz que eles começaram a influenciar a forma como o governo federal, em particular o National Institutes of Health, distribuem esses dólares.

No relatório, publicado no dia 30, na American Sociological Review, a socióloga Rachel Best analisou o financiamento para a pesquisa de 53 doenças ao longo de 19 anos, vendo se havia alguma relação clara entre campanhas e financiamentos. Sem surpresa, ela descobriu que havia efeitos claros: quanto mais companha, mais fundos para pesquisas para doenças específicas, tais como HIV/AIDS e câncer de mama.

Dessa forma, os grupos que mais fizeram campanha, ou seja, os com mais dinheiro , receberam mais dinheiro do NIH, deixando para trás os grupos com menos recursos e, em consequência, menos dinheiro para campanha. As que mais perderam foram doenças que afetam em particular as mulheres, com exceção ao câncer de mama: câncer cervical e a anemia falciforme, que atinge principalmente as afro-americanas.

Best também descobriu que essas mudanças também afetaram a prática da ciência com foco em uma doença específica, como o câncer e diabetes, e não em pesquisas amplas que poderiam beneficiar várias doenças. Outro fator que atraiu mais dólares, de acordo com Best, foi o número de mortes causadas por uma doença específica, como a AIDS e o câncer de mama.

As campanhas contra HIV/AIDS, vistas como uma doença mortal com muita necessidade de cura, foram criticadas por outras campanhas por estarem recebendo financiamentos demais.

Em 1984, por exemplo, Rose Kushner, defendendo em nome da pesquisa do câncer de mama, apontou que o NIH estava gastando cerca de $11 mil dólares de pesquisa por cada paciente com HIV/AIDS, comparado a $400 por paciente com câncer de mama.

Os dados de Best mostram que mesmo organizações eruditas como o NIH podem ser moldadas por pressão social.