Segundo os pesquisadores da Universidade de Purdue, em Indiana (EUA), o sabor doce causado pelo consumo de sacarina estimula o sistema digestivo a se preparar para a ingestão de uma grande quantidade de calorias. Se essas calorias não são ingeridas, o organismo fica desregulado e, como resultado, pede mais comida ou queima menos calorias, o que provocaria o aumento de peso, afirmaram.
Essa possibilidade é mais fácil de verificar em ratos do que em pessoas porque os cientistas conseguem controlar a dieta alimentar dos animais e mensurar exatamente o que eles comem, segundo a chefe do estudo, Susan E. Swithers, professora-adjunta de Ciências Psicológicas na Purdue.
No experimento, financiado pelo Ins-tituto Nacional de Saúde e pela Purdue, nove ratos receberam iogurte adoçado com sacarina e outros oito receberam iogurte adoçado com glucose, cuja composição é semelhante à do açúcar. Depois de recebe-rem o iogurte, os animais foram alimentados com a comida normal para ratos.
Após cinco semanas, os ratos alimentados com iogurte sem açúcar tinham ganho 88 gramas, enquanto os ratos que comeram iogurte adoçado com glucose ganharam 72 gramas, uma diferença de peso de cerca de 20%. Os ratos alimentados com iogurte sem açúcar estavam consumindo mais calorias e tinham 5% a mais de gordura corporal.
Numa outra experiência correlata, os cientistas deram bebida açucarada aos dois grupos de ratos e avaliaram as mudanças na temperatura corporal dos animais. Ge-ralmente, a temperatura corporal se eleva depois de uma refeição porque o corpo gasta energia para digerir o alimento. Nos ratos do grupo que consumiu o alimento com adoçante, o aumento de temperatura foi menor, disseram os cientistas, um sinal de que uma dieta regular com adoçantes artificiais embotou a reação corporal aos alimentos com sabores doces, tornando mais difícil a queima de calorias extras.
REAÇÃO
O estudo gerou reações da indústria alimentícia. Beth Hubrich, uma das representantes dos fabricantes de refrigerantes dietéticos nos Estados Unidos, rejeitou os resultados. Segundo ela, “o estudo simplifica demais as causas da obesidade”. Além disso, afirmou, “a descoberta nos animais pode não ser verdadeira quando testada em humanos”. Um porta-voz da Fundação Britânica de Nutrição disse que os resultados são “interessantes”, mas não provam que adoçantes podem ser prejudiciais na dieta de humanos.

