“Eu não tenho tempo...”

“Se você não tem tempo hoje para praticar exercícios, poderá ter que arrumar tempo para ficar doente no futuro”. Esta frase não é minha, mas desde que a li em uma entrevista a muitos anos atrás, tenho usado com meus clientes e alunos. Ela realmente causa impacto e quem a falou foi Dr. Kenneth H. Cooper.

Dr. Cooper desenvolveu o “Teste de Cooper”. Um teste muito fácil de ser feito e que pode avaliar o desempenho das pessoas em 12 minutos de corrida com velocidade constante. Para tal, a pessoa corre 12 minutos e a distância percorrida é medida. Na avaliação, leva-se em conta a idade e o sexo. Assim, uma pessoa de 30 anos do sexo masculino que correr 2.700m ou mais em 12 minutos, estará em ótimas condições; e se correr apenas 1.550m, estará em péssimas condições. A simplicidade desse teste causou uma enorme adesão nos anos 1960 e 1970 e muitas pessoas aderiram à prática de pelo menos 12 minutos de corrida todos os dias. A ideia do Dr. Cooper era difundir a necessidade da prática de exercícios físicos para a manutenção da saúde.

No meu trabalho, a dificuldade que mais encontro nas pessoas que desejam iniciar a prática de exercícios físicos é tempo. A frase “Eu não tenho tempo” parece uma gravação. Mas, vamos analisar isso com mais cautela. A primeira pergunta que eu gostaria de fazer para as pessoas que dizem não ter tempo é: você conhece pessoas que fazem exercícios todos os dias ou quase todos os dias? A segunda seria: o que existe de diferente entre você e estas pessoas?

Não estou de forma alguma dizendo que todas as pessoas fazem as mesmas coisas e que têm as mesmas tarefas, mas sem dúvida conhecemos pessoas que, mesmo sendo muito atarefadas, encontram tempo para os exercícios. O que elas têm de diferente das pessoas que não encontram tempo para os exercícios? Podem ser muitas diferenças, mas gostaria de apontar duas. A primeira é que elas se priorizam. Quero dizer que são pessoas que dão importância a si próprias, que não se deixam dobrar e se colocam à frente. Não estou falando de egoísmo, e sim de um equilíbrio saudável entre o que é preciso fazer e o que é importante para que se mantenha saudável e, assim, possa continuar a trabalhar. Se uma pessoa coloca sempre o trabalho e as tarefas como prioridade e se deixa sem cuidados, em algum momento irá ficar doente e toda essa dedicação aos outros será interrompida.

A segunda característica é a capacidade de delegar tarefas. Por mais que se tente, é impossível fazer tudo sozinho. Delegar e ficar supervisionando, acompanhando passo a passo, também não funciona. Isso estressa e ocupa muito tempo, não vai sobrar tempo para cuidados pessoais. Pessoas que não se priorizam e que não delegam têm grande dificuldade de encontrar tempo para si e claro para os exercícios. Neste caso, como o Dr. Cooper disse: terão que encontrar tempo para ficarem doentes.