EUA adia decisão final sobre a guarda do menino Joseph

Por Arlaine Castro

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[caption id="attachment_126133" align="alignleft" width="300"] Cíntia teve o filho Joseph raptado pelo pai em dezembro de 2015 e desde então luta para levá-lo de volta para o Brasil. Foto: arquivo pessoal[/caption]

Uma luta que já vai completar um ano e se arrasta sem solução. Essa é a realidade do caso da disputa internacional de guarda da brasileira Cíntia Pereira pelo seu filho Joseph JJ, de 6 anos.

Nesta quinta-feira, 30, foi realizada mais uma audiência na Corte de Provo, em Utah, onde esperava-se pela decisão final, mas o juiz decidiu por adiá-la para o dia 12 de abril.

De acordo com Cíntia, foram ouvidas novamente as duas partes e discutida a relevância do número de sessões com psicólogo realizadas por ela, conforme solicitado pelo próprio juiz. "O pai de Joseph questionou o número das sessões feitas por mim, porém, o juiz não acatou o pedido. Gary também estava postergando as sessões dele e do JJ, talvez, para assim ganhar tempo e o caso continuar se arrastando na justiça", declarou.

Nesta quinta, o juiz também adiou a decisão sobre Cíntia poder sair dos EUA enquanto houver apelação da outra parte. Para Cíntia, o ex-marido tenta agora que o juiz a impeça de voltar para o Brasil e continua apelando para prorrogar o caso.
"Gary tenta por em dúvida a credibilidade dos profissionais brasileiros e até dos americanos. Na corte da semana passada ele pediu para que eu ficasse presa por 30 dias dizendo que violei ordens da corte, mas como não tinha fundamento algum, o juiz negou", declarou.

Entre diversas audiências, encontros, idas e vindas à corte, sessões de terapia e visitas supervisionadas, a guarda da criança ainda permanece com o pai, tendo a mãe o direito de ficar com a criança três vezes na semana após a escola e finais de semana alternados.

Tratado de Haia

OTratado de Haia é uma convenção que estabelece entre os países signatários que casos de disputa internacional de guarda devem ocorrer no país de residência da criança, e tanto o Brasil quanto os Estados Unidos assinaram esse Tratado.

Em setembro do ano passado, a justiça americana entendeu que opaís de jurisdição do caso é o Brasil e não os Estados Unidos, e entrou em contato com a juíza brasileira que acompanha o caso. Após a conversa, o juiz entendeu que tanto a criança quanto a mãe têm vínculos no Brasil e somente estão nos Estados Unidos porque o pai trouxe a criança sem consentimento da mãe. "Por isso o juiz pediu que eu fizesse as terapias e aulas sobre divórcio. Segundo ele, quando eu cumprisse todas as sessões, a jurisdição de emergência em Utah terminaria e passaria para o Brasil", relatou.

Luz no fim do túnel

Apesar da demora, Cíntia diz estar mais tranquila e vê uma "luz no fim do túnel". "Hoje eu acredito que o juiz está fazendo o trabalho dele e tendo todos os cuidados que o caso pede. Ele já disse quenão tem a intenção de segurar essa jurisdição em Utah por mais tempo e questionou a outra parte o porquê de nova apelação, se eles irão arcar com os custos da minha estadia aqui", acrescentou.

Cíntia acredita que se tivesse tido maior apoio do governo brasileiro no início do caso, as coisas poderiam ter caminhado de outra forma e ela poderia ter tido sucesso desde o início do processo nos EUA. A campanha nas redes sociais "#givejosephback" tem mobilizado milhares de pessoas no Brasil e nos Estados Unidos, onde constantemente são feitas passeatas e eventos para ajudar a custear o processo e a estadia de Cíntia nos EUA.

Entenda o caso

O ex-marido de Cíntia e pai de Joseph, Gary Lee Heaton II, veio com a criança para os Estados Unidos sem o conhecimento de Cíntia, em dezembro de 2015, dois dias depois de ela ter conseguido a guarda do filho no Brasil. Desde então, eles travam uma batalha na justiça americana pela guarda da criança, que foi dada ao pai no tribunal de Utah assim que ele chegou com a criança em solo americano.

Após quatro meses em busca de notícias do filho, Cíntia soube que o pai o havia trazido para morar com ele em Utah. Em abril de 2016 ela veio para a primeira audiência nos Estados Unidos, mas o filho continuava com o pai. Os encontros passaram a acontecer três vezes por semana durante três horas em uma clínica sob supervisão de uma assistente social e podiam conversar somente em inglês. Ela contou, em um vídeo divulgado no Facebook, que ambos já estavam exaustos com a situação.