EUA aumentam salário, mas enfrentam falta de caminhoneiros

Por Arlaine Castro

caminhaocegonha Anderson
Brasileiro conta como é a rotina como caminhoneiro nos EUA O mineiro Anderson Castro sabe bem essa realidade. Há 11 anos trabalha como motorista de caminhão nos Estados Unidos. Com esposa e três filhos, Castro dirige atualmente para a empresa Fleet Car Lease e passa de 6 a 7 dias longe da família em Jacksonville (FL). “Rodo pelos estados da Flórida, Texas, Missouri, Tennessee, Georgia e South Caroline. A saudade da família é muita, porém, não tenho escolha, não tenho outra profissão”, pondera. Depois de cada viagem ele tem o período de descanso em casa de cinco dias, mas explica que esse período é porque tem o próprio caminhão e faz frete para a empresa. “Quem é empregado fica menos em casa, em torno de dois dias”, afirma. Sobre o lado financeiro, Castro diz que a média salarial de $50 a $80 mil para ele compensa por ser o dono do caminhão-cegonha que dirige, “porque tem motorista que roda com caminhão da empresa que ganha em torno de $800 por semana, o que dá pouco mais de $38 mil por ano”, afirma. Castro conta sobre a rotina na estrada. “Podemos dirigir no máximo 11 horas por dia e trabalhar no máximo durante 14 horas. Temos que parar 30 minutos antes de completar 8 horas ininterruptas de trabalho. Todos os caminhões têm um computador que é um GPS que manda os dados pra uma central, que é de onde nos controlam”, detalha. Nos últimos anos as leis para os motoristas também mudaram, o que o brasileiro considera um ponto a mais para a falta de motoristas. “As leis estão cada vez piorando para os motoristas. Por exemplo, o controle da polícia está mais rigoroso, todas as multas que o motorista tem vai para o registro na drive license”. Ao comparar a vida de caminheiro nos Estados Unidos e no Brasil, com a recente greve feita pela categoria no Brasil e toda a luta e desafios que enfrentam, ele lembra que a segurança e qualidade das estradas são os aspectos que mais diferenciam a profissão nos dois países. “Aqui as estradas são melhores, são mais vigiadas e assaltos são raros, mas tem lugares perigosos também. O sofrimento de ficar longe de casa e quando ocorrem problemas no caminhão são os mesmos. A vida de motorista não é fácil não”, completa. Assim como está ocorrendo com outras empresas do setor, onde o motorista brasileiro trabalha, que hoje tem em torno de 400 motoristas, segundo Castro, também enfrenta escassez de profissionais. “Ela está com vagas abertas, porém está difícil de encontrar motoristas. O salário muitas vezes não compensa pra ficar longe de casa e despesas com alimentação na estrada tem ficado muito caro. Você gasta em torno de $30 a $40 por dia de comida. E isso sai do seu bolso”, salienta. Outro ponto que Castro levanta para a dificuldade de as empresas contratarem motoristas é pela expansão do serviço de corridas por aplicativos, como o Uber e o Lyft, por exemplo, que também tem contribuído para que menos pessoas aceitem uma vaga de caminhoneiro. “Se você for trabalhar, por exemplo, no Uber, você ganha o mesmo tanto e está em casa todos os dias”, conclui.