EUA condenam acusado de crime que inspirou Filme

Por Gazeta Admininstrator

Quarenta e um anos depois dos assassinatos de três ativistas dos direitos civis no Mississipi, um ex-membro da Ku Klux Klan [grupo racista que perseguia e matava negros], de 80 anos de idade, foi condenado pela Justiça dos Estados Unidos nesta terça-feira.

O caso foi um dos mais marcantes crimes raciais dos EUA e inspirou o filme "Mississipi em Chamas" (1988).

O júri -- composto por nove brancos e três negros-- levou cerca de seis horas para absolver Edgar Ray Killen de assassinato, mas condená-lo pelas acusações mais leves dos crimes, ocorridos em 1964.

Promotores afirmam que Killen -- ex-pastor e operador de uma serraria -- foi o mentor das mortes dos três ativistas. Ele foi considerado culpado por assassinato não-intencional.

Killen permaneceu sentado e impassível em sua cadeira de rodas, com um tubo de oxigênio preso às narinas, enquanto ouvia o veredicto.

Ele pode passar o resto da vida na cadeia --cada um dos três assassinatos pode acarretar pena de até 20 anos. O juiz Marcus Gordon deve promulgar a sentença nesta quinta-feira (23).

Crime

Os três jovens voluntários assassinados integravam uma campanha de registro de negros para incentivar sua participação nas eleições.

Michael Schwerner, 24, e Andrew Goodman, 20, eram brancos e vindos de Nova York. James Chaney, 21, era negro e vivia na cidade de Meridan, no Mississipi.

Em 21 de junho de 1964, os três saíram para investigar uma denúncia de que a Klu Klux Klan havia espancado membros de uma igreja e incendiado o local em seguida. No caminho, policiais pararam o veículo em que eles estavam e os prendeu por excesso de velocidade.

Horas depois, os três foram libertados, mas o carro em que estavam foi perseguido por 20 membros da Ku Klux Klan, que, segundo a promotoria, eram liderados por Edgar Ray Killen --que, na época, era pastor evangélico.

Os três ativistas foram executados com tiros à queima roupa e enterrados. Os corpos foram encontrados pelo FBI [polícia federal americana], após 44 dias de buscas.

Em 1967, Killen foi julgado sob a acusação de violar os direitos civis das vítimas. No entanto, ele foi absolvido pelo júri unanimemente branco, com um dos jurados afirmando que não poderia condenar um pastor. Sete outras pessoas foram condenadas, mas nenhuma delas cumpriu pena maior que seis anos de prisão.