EUA detêm empresário e mais 57 brasileiros

Por Gazeta Admininstrator

Um empresário brasileiro foi preso em Allston (nordeste dos EUA, perto de Boston) sob a acusação de tentar subornar um agente federal para obter um "green card", o visto de residência permanente nos EUA. A ação foi toda gravada em vídeo, de acordo com autoridades americanas.

Além de José Neto, 38 --que pode ser condenado a mais de 20 anos de prisão--, foram detidos outros 57 brasileiros, funcionários de Neto na empresa de limpeza Spectro Cleaning Services.

Neto foi preso na terça-feira, depois de, segundo os investigadores americanos, ter sido gravado ao menos três vezes oferecendo propina a um agente federal que, em atitude permitida pela legislação dos EUA, negociou com o brasileiro para obter as provas.

O caso começou depois que o empresário foi chamado ao Escritório de Imigração dos EUA em meio a uma investigação sobre venda de identidades falsas que envolveria 700 estrangeiros.

Quando compareceu para depor, ofereceu a propina, segundo a acusação do governo dos EUA. O agente então teria combinado um encontro em um shopping. Neto teria pago US$ 20 mil (em torno de R$ 55 mil) em dinheiro e, segundo o governo americano, pediu em troca "green cards" para ele e para sua mulher.

Ainda de acordo com as autoridades, houve outros dois encontros, em que o brasileiro pagou mais US$ 9.000 (R$ 24 mil) ao todo para obter a liberação de imigrantes ilegais que estavam presos. Ao menos um deles seria funcionário da empresa de Neto.

O brasileiro foi preso na terça-feira à noite. Anteontem e ontem, agentes de imigração entrevistaram --e prenderam-- 57 funcionários da empresa de Neto, todos ilegais. O governo dos EUA informou a autoridades brasileiras que todos eles estão bem de saúde e sendo tratados adequadamente.

Além da tentativa de suborno, o brasileiro também será processado por induzir estrangeiros a permanecer ilegalmente nos EUA --o que pode elevar sua pena em cinco anos, além dos 15 pelo suborno-- e por contratar trabalhadores irregulares, o que pode adicionar mais seis meses. No total, Neto pode pegar até 20,5 anos.O brasileiro será ouvido na próxima segunda-feira.

"É compreensível que muitos ao redor do globo queiram vir morar, trabalhar e criar suas famílias na maior democracia do mundo. No entanto isso só pode ser feito em acordo com as leis de imigração dos EUA --não as violando. Indivíduos ou companhias que quebrem nossas leis de imigração serão processados", disse, por meio de nota, Michael J. Sullivan, um dos responsáveis pelo caso no governo americano.

Especialistas calculam que a população brasileira nos Estados Unidos, entre imigrantes com autorização e clandestinos, varie de 600 mil a 1 milhão.

Com as regras de imigração muito mais duras depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, o número de brasileiros presos tentando entrar ilegalmente no país explodiu.

Nos últimos cinco anos, as detenções na fronteira dos EUA com o México aumentaram 1.665%. Em 1999, menos de 500 brasileiros haviam sido presos. No ano passado o número saltou para mais de 8.600. Se a média de 2005 se mantiver, o país deve fechar o ano com um recorde de 18 mil brasileiros presos só tentando atravessar a fronteira mexicana.