EUA e UE pedem explicações ao Brasil após fraude da carne

Por Gazeta News

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[caption id="attachment_139960" align="alignleft" width="267"] O mercado externo de exportações de carnes sofrerá provável queda. Foto: Flickr.[/caption]

A denúncia do comércio de carnes podres e adulteradas por frigoríficos brasileiros é agora discutida globalmente e os países que importam a carne brasileira estão preocupados com a situação.

O governo brasileiro está trabalhando para tentar reduzir o impacto no mercado interno e externo causado pelos fatos revelados após a deflagração da “Operação Carne Fraca”, da Polícia Federal, na sexta, 17.

Neste sábado, 18, o Drug Enforcement Administration (DEA), que regula o serviço de segurança e inspeção de alimentos dos Estados Unidos entrou em contato com o governo brasileiro a fim de saber qual a proporção da situação quanto ao mercado americano. Além do DEA, a União Europeia também pediu informações.

Segundo o órgão, toda carne que entra nos Estados Unidos passa por uma reinspeção, mas especialistas preveem um maior rigor para a entrada de carne brasileira nos EUA, além de queda nos números de exportações de agora pra frente.

O status do Brasil como exportador de produtos de carne de qualidade passou a ser ameaçado na sexta-feira, 17, depois que a Polícia Federal revelou um esquema de propina que identificou casos que permitiram a comercialização de alimentos estragados e maquiados por insumos como papelão e produtos químicos.

Bilhões em exportação de carne

O Brasil começou a exportar carne para a Europa no início dos anos 2000 e apenas no ano passado conseguiu aprovação para embarcar carne bovina in natura aos Estados Unidos, um dos mercados mais exigentes do mundo em termos de qualidade de produtos alimentícios.

As exportações de carnes do Brasil (bovina, suína e de frango) subiram de cerca de 2 bilhões de dólares em 2000 para aproximadamente 14 bilhões de dólares no ano passado. O escândalo poderá ser aproveitado para imposição de dificuldades às exportações brasileiras de carne.

Na avaliação do analista de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, Sérgio De Zen, eventuais embargos externos à carne brasileira deverão ser por curto espaço de tempo. Ele lembrou que importantes importadores, como europeus e russos, mandam missões próprias para fiscalizar o sistema sanitário do Brasil, o que faz com que grandes unidades exportadoras eventualmente fiquem menos sujeitas a sofrer embargos.

Impacto também nos grãos

Além do impacto para o setor carnes, a operação da PF poderá ter repercussões nos preços dos grãos, afirmou o presidente da AEB, associação que reúne os exportadores brasileiros, José Augusto Castro.

Segundo ele, produtos como milho e soja, com forte presença na pauta exportadora brasileira, devem ter uma redução de preços no mercado global, na avaliação do dirigente.

"Se o Brasil reduzir a quantidade (de carne) exportada, principalmente o frango que consome muita ração, vamos deixar de transformar soja e milho em farelo; vai ter que colocar isso no mercado externo e com oferta maior isso pode derrubar o preço (dos grãos)".

Medidas do governo

Amanhã, dia 19, o presidente Michel Temer vai fazer duas reuniões, no Palácio do Planalto, para discutir o assunto. Primeiro, com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e depois com representantes das associações de produtores.

Em breve, o governo deverá divulgar uma nota técnica para os países que importam carne do Brasil, informando que só três unidades foram interditadas e o Ministério da Agricultura está tomando providências.

O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador. O setor vendeu para mais de 150 países no ano passado e agora se preocupa com os impactos negativos do esquema de venda de carne adulterada, revelado pela Polícia Federal.

Com informações da Reuters e Agência Brasil.