EUA executam criminoso cego e surdo de 76 anos

Por Gazeta Admininstrator

O Estado da Califórnia executou o prisioneiro mais velho do corredor da morte nesta terça-feira – um homem de 76 anos – depois que seus últimos apelos foram rejeitados. Clarence Ray Allen, que estava cego e em uma cadeira de rodas, foi condenado por ter ordenado a morte de três pessoas em 1980.

Os advogados de Allen pediram à Suprema Corte americana que bloqueassem a execução alegando que ela é inconstitucionalmente cruel por causa de sua idade e sua saúde.

Mas parentes das vítimas de Allen afirmam que ele merece morrer, apesar dos problemas de saúde que teve na prisão.

Crime hediondo
A execução ocorreu na prisão de San Quentin, ao norte de São Francisco. Allen já cumpria pena de prisão perpétua em 1980, quando ordenou, de dentro da prisão, os assassinatos de três pessoas que testemunharam contra ele. Julgamentos e apelações atrasaram a execução por 26 anos.

Patricia Pendergrass, irmã da vítima Bryon Schletewitz, defendeu a execução em entrevista ao um jornal da ABC News. "Sua mente ainda está clara e continua a mesma de quando ele tinha 50 anos e planejou este crime hediondo", disse Patricia. "Ele sabe exatamente por que está sendo executado."

Debate
No domingo, o 9º Circuito das Cortes de Apelação decidiu-se contra Allen, afirmando que ele "não demonstrou motivos substanciais para ser aliviado da pena" e, no dia seguinte, a Suprema Corte se recusou a intervir. O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, na semana passada negou uma audiência de clemência a Allen, afirmando que "a passagem do tempo não exime Allen da punição do júri".

O caso de Allen atraiu consideravelmente menos atenção que o de Stanley "Tookie" Williams, de 51 anos, executado em 13 de dezembro apesar de uma campanha por clemência liderada por políticos e religiosos. Mas se trata de mais um numa série de casos controversos mantendo aceso o debate sobre a pena de morte nos Estados Unidos.

Apenas na semana passada, exames de DNA confirmaram a culpa de um homem executado na Virgínia em 1992 enquanto proclamava sua inocência, no que foi visto como um golpe na campanha pela abolição da pena de morte.

Pesquisas de opinião sugerem que enquanto a maioria dos americanos permanece a favor da pena capital, a margem hoje é bem menor do que já foi no passado. Elisabeth Semel, professora na Escola de Direito da Universidade de Berkeley, disse que a Califórnia está acelerando o passo das execuções "enquanto o apoio público à pena de morte se esvanece".

"Nosso Estado seria muito melhor se removesse este albatroz de imenso peso financeiro e psíquico", escreveu a professora em um recente editorial no jornal Los Angeles Times. "A linha que divide aqueles que nós executamos, e os que não, permanece arbitrária e caprichosa como era em 1972, quando a Suprema Corte americana declarou que ela era intolerável constitucionalmente."