EUA pedem que Brasil autorize mais voos para deportar imigrantes

Por Gazeta News

A quantidade de brasileiros detidos ao tentar entrar nos Estados Unidos ilegalmente pela fronteira com o México bateu recorde de 18 mil em 2019, um aumento de 600% em relação ao pico registrado em 2016, quando 3.252 foram barrados, segundo o Departamento de Segurança Interna. Com isso, o governo Donald Trump vem buscando meios para aumentar o número de voos fretados para a deportação de brasileiros. Prisão de brasileiros na fronteira dos EUA com México é a maior em 11 anos Em contato com representantes do governo brasileiro, o governo Trump fez uma consulta formal às autoridades no fim do ano passado solicitando que mais voos fretados com deportados fossem autorizados. O uso de aviões alugados para deportar imigrantes em situação irregular é prática antiga –e os EUA arcam com os custos. No entanto, o esquema vinha sendo pouco aplicado a brasileiros, mas diante do aumento, o governo resolveu agir. De acordo com interlocutores ouvidos pela reportagem da Folha Press, o Itamaraty disse que iria analisar o pedido. Porém, uma resposta formal ainda não foi entregue ao Departamento de Estado em Washington, informou a Folha. Em outubro de 2019, o Brasil autorizou um voo fretado para a deportação de 70 brasileiros que foram detidos em El Paso, no Texas - cidade que faz divisa com a mexicana Ciudad Juárez - um dos pontos mais visados pelos atravessadores. Além de aviões fretados, as deportações também acontecem por linhas comerciais, o que depende da disponibilidade de assentos e não atende a um fluxo maior de devoluções. Segundo a Folha, representantes do governo brasileiro dizem acreditar que os EUA querem mais voos fretados justamente para acelerar a deportação dos imigrantes recém-detidos e que ainda estão sob custódia do CBP. Como as pessoas nessa situação ainda não foram encaminhadas ao serviço de imigração e, em tese, podem ser devolvidas mais facilmente aos seus países de origem. Quase 1 milhão de pessoas foram presas este ano na fronteira entre EUA e México A Embaixada dos EUA em Brasília disse que o governo americano tem uma "excelente cooperação com o Brasil" nessa área. "Nós estamos trabalhando com o Brasil e outros governos parceiros na região para aumentar a segurança de fronteira, combater organizações criminosas que exploram imigrantes irregulares, expandir o acesso a recursos de proteção internacional, dissuadir indivíduos de imigrar ilegalmente para os Estados Unidos; e para receber e reintegrar pessoas devolvidas aos seus países de origem", disse a missão diplomática. De acordo com a embaixada, "o DHS está comprometido em reduzir o tempo que estrangeiros permanecem sob custódia do departamento e a desencorajar indivíduos, especialmente unidades familiares, a realizar viagens frequentemente perigosas aos EUA, sob o falsa aparência de que eles poderão permanecer no país". Brasil confirma facilitar deportação de brasileiros após pressão dos EUA Atestados de nacionalidade A pedido de Trump, o governo brasileiro retomou no ano passado a emissão de documento de viagem para facilitar a deportação de brasileiros. A prática teve início em 2017, no governo Michel Temer, e concedia atestados de nacionalidade a imigrantes em processo de deportação que não dispõem de um documento de viagem válido. Os consulados brasileiros passaram então a expedir os atestados de nacionalidade mesmo sem a solicitação do interessado, o que facilita a devolução de brasileiros que estão nessa situação. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o mesmo procedimento é aplicável a diversos outros países e que, em 2018, o total de brasileiros efetivamente deportados dos Estados Unidos foi de 1.691 pessoas - bem menor que o número divulgado pelo DHS. Visto legal O Itamaraty aconselha aos brasileiros que desejam ingressar nos EUA, que o façam da maneira correta, obtendo os vistos legais de entrada, seja como turista, estudante, investidor, de trabalho ou outro autorizado pelos EUA. "É importante, no entanto, que o brasileiro já chegue aos Estados Unidos de posse do visto correto no que tange às atividades que pretende desempenhar no país. Dependendo do tipo de visto e de atividade, haverá, outrossim, procedimentos internos específicos de registro e de identificação, que deverão ser conhecidos e seguidos pelo brasileiro quando de sua chegada. Em todos os casos, é de suma importância não ultrapassar, em um dia sequer, o prazo autorizado para permanência, sob pena de gerar graves consequências para a continuidade ou retorno do brasileiro aos Estados Unidos", cita o órgão em seu site oficial.