EUA preparam-se para executar o milésimo condenado

Por Gazeta Admininstrator

"Vamos nessa". Com essas últimas palavras, Gary Gilmore abriu a era moderna da pena de morte nos Estados Unidos, uma época de câmaras da morte atarefadas, que produzirão sua milésima vítima nos próximos dias. O povo americano parou para prestar atenção quando, depois de uma moratória de dez anos, o país voltou a executar prisioneiros, pondo Gilmore diante de um pelotão de fuzilamento, em 1977.

Mas hoje, a maioria dos cidadãos americanos provavelmente não seria capaz de citar o nome de um único dos 3.400 detentos - incluindo 118 estrangeiros - que aguardam nos corredores da morte. O nome de Robin Lovitt não é conhecido, mas na próxima quarta-feira, dia 30, ele provavelmente terá a duvidosa honra de ser o milésimo condenado a morrer desde que os EUA reinstituíram a pena de morte, em 1976, depois que a Suprema Corte decidiu que os Estados tinham o direito de executar criminosos.

Lovitt, de 41 anos, foi condenado por matar um homem a golpes de tesoura, durante um assalto. Testes de DNA realizados na tesoura foram inconclusivos, e a tesoura foi jogada fora. A data da execução é 1º de dezembro.

Nos 28 anos desde a execução de Gilmore, os EUA vêm executando uma média de uma pessoa a cada dez dias. Certos Estados - Texas, Virgina, Oklahoma - ganharam notoriedade pela rapidez co que passam prisioneiros da penitenciária para o cemitério.

Antes de Lovitt, aguardam no corredor da morte Eric Nance, com a morte marcada para 28 de novembro, no Arkansas, e John Hicks, que deverá ser executado em Ohio no dia 29. É improvável que qualquer uma das execuções venha a ser adiada.

Desde 1973, 122 prisioneiros foram libertados do corredor da morte. A ampla maioria desses casos se deu nos últimos 15 anos, com a disseminação do uso do DNA como evidência. Esses números levaram algumas autoridades a questionar o sistema.

Antes, o debate sobre a pena de morte girava em torno do efeito da execução como um exemplo para desestimular o crime. Hoje, a discussão é sobre se o governo merece confiança na hora de decidir tirar a vida de uma pessoa que pode ser inocente.