EUA querem ação contra Síria devido à morte de Hariri

Por Gazeta Admininstrator

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse nesta sexta-feira que as revelações de um relatório que apontam o envolvimento da Síria na morte do ex-primeiro-ministro do Líbano Rafik Hariri são "profundamente perturbadoras".
Bush pediu que os países da ONU (Organização das Nações Unidas) se reúnam em uma sessão especial para discutir o documento.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, já havia dito antes que a comunidade internacional deve intervir para que a Síria seja responsabilizada no caso.

"É claramente um caso em que há a implicação de que autoridades sírias estiveram envolvidas no assassinato de Rafik Hariri", declarou Rice.

"Também há claros indícios de que o governo sírio não está cooperando. Essas acusações levarão a comunidade internacional a considerar seriamente como exigirá que sejam responsabilizados."

Conselho de Segurança

Ela se negou a dizer o que o governo dos Estados Unidos pretende fazer sobre o tema, mas disse que a questão deverá ser trata no Conselho de Segurança da ONU.

O embaixador americano na ONU, John Bolton, disse que várias opções estão sendo consideradas sobre como lidar com a Síria.

"Esse relatório obviamente tem forte significado. Ele encontra razões para acreditar que o assassinato não poderia ter sido realizado sem o conhecimento de altas autoridades sírias da área de inteligência", disse Bolton.

"Ele faz referência à falta de cooperação da Síria com a investigação, o que é jargão diplomático para obstrução da justiça."

A Síria condenou nesta sexta-feira o relatório da ONU. O ministro sírio da Informação, Mehdi Dakhlallah, afirmou que o relatório é totalmente tendencioso do ponto de vista político.

Dakhlallah disse, em entrevista à emissora de televisão árabe Al-Jazeera, que o documento foi baseado em alegações de testemunhas conhecidas por sua hostilidade para com a Síria.

Condenação

Hariri morreu em 14 de fevereiro deste ano num ataque com um carro-bomba no centro de Beirute, a capital do Líbano.

Segundo o relatório, compilado pelo magistrado alemão Detlev Mehlis, o assassinato foi planejado por vários meses e executado por um grupo com uma ampla rede de apoio.

A Síria ttem que esclarecer algumas questões, diz o documento. Vários testemunhos de sírios teriam tentado atrapalhar a investigação com informações falsas, e uma carta do ministro do Exterior continha fatos errôneos.

O presidente pró-Síria do Líbano, Emile Lahoud, negou alegações no relatório de que recebeu uma ligação telefônica de um suspeito-chave minutos antes da explosão que matou Hariri.

Lahoud está sob crescente pressão para renunciar ao cargo depois da divulgação do relatório.

Reação no Líbano

Segundo a correspondente da BBC na capital libanesa, Beirute, Kim Ghattas, as conclusões da investigação da ONU chocaram muitos libaneses que, diz ela, não conseguem entender suas implicações.

Algumas famílias deixaram de mandar as crianças para a escola, temendo que as tensões possam levar a violência nas ruas.

O assassinato de Hariri causou uma onda de indignação no Líbano, levando a uma mudança de governo e à retirada das tropas sírias do país.

Dois grupos pró-Síria do país negaram sugestões no relatório da ONU de que podem estar envolvidos no assassinato de Hariri.

O líder do Comando Geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, Ahmed Jibril, disse à BBC que a agência de inteligência israelense, Mossad, está por trás do crime.

O relatório cita uma testemunha não-identificada dizendo que a Frente Popular, que recentemente negou acusações de contrabandear armas para o Líbano, cooperou com generais libaneses pró-Síria no planejamento do assassinato.

Um porta-voz do grupo militante islamista libanês, Al Ahbash, também negou envolvimento no crime.

Abdul Qader al Fakahani disse que o fato de que um de seus integrantes, Ahmed Abdul Al, usou um telefone celular para falar com todos os sírios que são suspeitos-chave, não é indicação de envolvimento.

A investigação revelou que seu irmão, Mahmoud Abdul Al, falou com o presidente libanês, Emile Lahoud, minutos antes da explosão da bomba que matou Hariri.