EUA relembram ataque das torres gêmeas em NY há 18 anos

Por Arlaine Castro

Há 17 anos, um ritual solene e sagrado paira sobre os Estados Unidos a cada 11 de setembro - uma pausa durante parte do dia é feita para lembrar as vítimas dos ataques terroristas que mataram ao todo quase 3 mil pessoas e foram reivindicados pela rede extremista Al-Qaeda, de Osama Bin Laden, morto em 2011 pelos EUA no Paquistão. No dia 11 de setembro de 2001, dois aviões de passageiros se chocaram contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Manhattan, Nova York, como parte de uma série de ataques coordenados contra alvos nos EUA. Carioca relembra o “pesadelo” vivido no 11 de Setembro Um outro avião sequestrado por terroristas caiu sobre o Pentágono, na Virgínia, e um quarto, sobre a Pensilvânia, depois que passageiros resolveram enfrentar os sequestradores. Desde o ataque, os EUA e o mundo questionam o fracasso da CIA em identificar os sinais de alerta ou se há algo mais por trás. O ataque ao World Trade Center se tornou um dos assuntos mais controversos na história dos serviços de inteligência. Houve comissões, análises, investigações internas e muito mais. De um lado, estão aqueles que dizem que a agência de inteligência americana ignorou sinais de alerta óbvios quanto ao oriente médio. Do outro, os que argumentam que é notoriamente difícil identificar ameaças de antemão e que a CIA fez tudo o que era razoavelmente possível. Depois de atentado do 11 de Setembro, EUA mudaram forma de encarar imigrantes Um dia marcante Sem sequer imaginar, o carioca Rodrigo Rosa presenciou o ataque e contou ao Gazeta News como foi. Na época, ele morava em Fort Lee, New Jersey, e trabalhava como cabeleireiro em Manhattan. Naquela manhã de terça-feira, dia 11 de setembro de 2001, ele mal sabia que iria presenciar o que foi um dos maiores atentados da história dos Estados Unidos. De acordo com o brasileiro, por volta de 8:50am, ele estava no ônibus em Edgewater, a caminho de Manhattan, quando viu o primeiro avião batendo contra uma das torres. Ainda sem saber ao certo o que estava acontecendo, como as demais pessoas ao seu redor, desceu e foi pegar o ferry boat para chegar até Manhatan, como fazia todos os dias. No entanto, ao entrar na rampa de acesso ao barco, viu a primeira torre indo ao chão e foi aí que se deu conta de que algo muito sério estava acontecendo. “Em questão de minutos, as pessoas começaram a se apavorar. Algumas choravam, todo mundo tentava falar ao telefone ao mesmo tempo, não sabiam bem o que estava acontecendo”, lembra. “Quem estava presenciando não sabia se era verdade ou se estavam presenciando uma cena de filme. Foi surreal. O que aconteceu foi gigantesco, eram torres imensas”, relata. [caption id="attachment_189143" align="alignright" width="444"] No local das duas torres, há hoje um memorial em homenagem às vítimas. Foto: Arlaine Castro.[/caption] Ele lembra que, após a queda da primeira torre, ficou por volta de 1h30min tentando pegar o ônibus de volta pra casa. “O trânsito ficou um caos, ruas e avenidas interditadas, as pessoas gritavam, choravam assustadas”, afirma. Quando estava no ônibus de volta, passando pela George Washington Bridge, o cabeleireiro viu a segunda torre cair. Ainda sem acreditar no que via, só foi se dar conta do que realmente da proporção do que acontecia quando chegou em casa e viu pela TV. Rodrigo já estava de mudança para Miami programada para o mês seguinte ao atentado, e o 11 de Setembro só reforçou sua decisão. O brasileiro já voltou a passeio a Nova York depois do ocorrido, e até tentou ir ao memorial que foi construído no lugar onde ficavam as torres, mas não conseguiu. “Cheguei até uma das esquinas próximas, mas senti algo ruim, muito estranho. Tem uma atmosfera pesada ali”, desabafa. Casos de câncer As dezenas de milhares de bombeiros, socorristas, médicos ou voluntários mobilizados para o "Ground Zero", onde ficavam as Torres, foram os primeiros afetados. Já em 2011, um estudo publicado na revista científica The Lancet mostrava que estas pessoas enfrentavam um risco maior de desenvolverem algum tipo de câncer. Um censo do WTC Health Program, programa federal de saúde destinado aos sobreviventes dos atentados, contabilizou cerca de 10.000 casos. Jaquelin Febrillet e Richard Fahrer fazem parte das pessoas "comuns" que trabalhavam ou residiam no sul de Manhattan quando ocorreram os atentados, uma categoria de pacientes que não para de aumentar. No fim de junho passado, mais de 21.000 deles tinham se registrado no programa de saúde, duas vezes mais que em junho de 2016. Desses, cerca de 4.000 foram diagnosticados com câncer, sobretudo de próstata, mama ou pele. Leia mais em Aumentam os casos de câncer relacionados ao ataque de 11 de Setembro Pagamento às vítimas O presidente Donald Trump ratificou, no fim de julho, uma lei que adiou de 2020 para 2090 a data limite para apresentar demandas a um fundo federal especial de indenização. O fundo deve ser regularmente refinanciado, após ter esgotado seu orçamento inicial de US$ 7,3 bilhões, com uma indenização média de US$ 240.000 por doente e de US$ 682.000 dólares por pessoa que morreu nos ataques. Após adiar várias vezes a data limite do fundo, o Congresso reconheceu que era necessário oferecer cobertura a "uma pessoa que era bebê (durante os atentados), até o fim de sua vida", explica o advogado Matthew Baione, que representa Febrillet e Fahrer em seus processos de indenização. — Nunca houve um ataque comparável ao de 11 de setembro— ressaltou. — Ninguém podia prever o que aconteceria com bilhões de toneladas de materiais de construção em combustão durante 99 dias, que liberaram no ar quantidades inéditas de produtos químicos, entre eles dioxinas, amianto e outras substâncias cancerígenas. Com informações da Associated Press e BBC.