EUA resolvem o drama da brasileira Graciela Saraiva com a Navy

Por Gazeta Admininstrator

Marisa Arruda Barbosa
com colaboração

A jovem brasileira que servia a US Navy e que foi expulsa por uso de drogas, conseguiu reverter o caso que, segundo defende, foi um “profundo mal-entendido”.

Graciela Saraiva, de 20 anos, foi expulsa com desonra como usuária de drogas da US Navy, em 6 de maio do ano passado após exames de urina. Mas ela apresentou provas médicas de que havia usado apenas um Tylenol, após extração dos dentes do ciso.

Depois da família de Saraiva se envolver e buscar o apoio de amigos e autoridades, tanto do Brasil como dos Estados Unidos, a jovem recebeu a notícia, finalmente, que seria reintegrada. Cherryl Hawthome, oficial executivo do Centro Operacional da Navy em Baltimore (Navy Operational Support Center - NOSC), informou, no último dia 5, que, à vista de nova documentação esclarecedora recebida, o Comando Naval revogara o ato de expulsão da Graciela. O órgão informou que enviará os formulários para a devida retificação de seus registros militares e a restituição das oito condecorações que recebera no passado, além da oferta da assistência necessária à sua reincorporação.

Graciela, que estuda bioquímica em Baltimore, no Montgomery College, contou, por telefone ao Gazeta, que voltará à sua base (a NOSC Baltimore) no dia 10, para então iniciar o processo de reintegração.

“Estou muito feliz com a notícia”, disse Graciela.

A jovem entrará na Universidade de Maryland no final desse semestre, onde pretende estudar medicina. Graciela optou por postergar seu ingresso na faculdade, para viajar em missão durante os anos de 2009 e 2010. Nesse período, esteve no golfo do Edem, no combate à pirataria, e posteriormente foi ao Golfo Pérsico, onde atuou no combate ao terrorismo, e depois ficou em patrulha internacional com as forças da Otan.

Ao regressar das missões, Graciela passou para a reserva da Navy, até concluir a universidade e reincorporar-se como oficial. A jovem afirma que sua carreira não tem atrapalhado os estudos. Em caso de convocação para algum conflito, no entanto, a brasileira terá que parar os estudos e voltar à ativa antes da conclusão do curso.

Mobilização

O pai de Graciela, Samuel Saraiva, natural de Rondônia, contou com a ajuda do senador brasileiro Acir Gurgacz (PDT-RO) para entrar em contato com a senadora americana Barbara Mikulski, que havia se disponibilizado a ajudar, requerendo à US Navy a possibilidade de reabrir o processo.

Nem Samuel nem Graciela sabem afirmar se a ajuda da imprensa brasileira e de congressistas dos dois países fizeram com que a Navy revisasse a expulsão.

Ao mesmo tempo que se sente feliz pela decisão, Samuel conta com amargura que o Itamaraty não agiu tão rigorosamente no caso de sua filha como já o fez em outras situações recentes. Samuel enviou uma mensagem relatando a aflição de Graciela à presidente Dilma Rousseff, aos cuidados do embaixador de Washington, pedindo que entrasse em contato com o governo americano por uma solução justa.

“Não pedi sequer o mesmo apoio e a mesma medida que foi oferecida pela diplomacia brasileira à iraniana (condenada à morte por adultério), aos pilotos do Legacy e recentemente, ao assassino italiano”, disse Samuel.
No entanto, a resposta que recebeu do Consulado de Washington foi de que este é um caso trabalhista e deveria ser resolvido mediante a contratação de um advogado.

Samuel conta que entrou em contato com um advogado especializado nos embates da Navy, mas diante da lentidão do processo, percebeu que um pedido de apoio político de ambos os lados, surtiria em um efeito mais rápido.