EUA suspendem ensino de letra cursiva na maioria dos estados

Por Gazeta News

A criança moderna tem lidado com avanços tecnológicos em uma velocidade cada vez mais acelerada. O uso de computadores, celulares, tablets e laptops tem transformado não só o dia-a-dia delas, mas também a forma como as instituições ensinam.

Agora, a tradicional forma de escrever com a letra cursiva foi considerada ultrapassada e o ensino deve ser abandonado em mais de 40 estados norte-americanos.

O primeiro deles a suspender por lei o ensino da letra cursiva nas escolas foi o estado de Indiana. Os defensores do novo código argumentam que, atualmente, as crianças não necessitam e quase não se utilizam de caneta e papel para escrever e por isso a alfabetização deve se focar no ensino da letra bastão e nos métodos de digitação. A medida causou polêmica nos EUA. As informações são da “Revista Crescer”.  A psicopedagoga Anete Hecht, diretora pedagógica do Colégio I.L.Peretz, em São Paulo, disse à revista que a alfabetização acontece no primeiro momento com a letra bastão, depois a criança passa para a letra cursiva. “Isso é importante porque na letra de mão, a criança desenvolve traços da sua identidade e personalidade”, afirma.

Já segundo Saad Ellovitch, neuropediatra do Hospital Samaritano de São Paulo, o desenvolvimento da coordenação motora fina não está estritamente relacionado à escrita cursiva, mas também ao uso das mãos em movimentos sutis. “O cérebro se adapta às necessidades do corpo. Você pode desenvolver a motricidade fina, ou seja, a capacidade de execução de movimentos pequenos e delicados, com outras atividades, como por exemplo, o desenho”, afirma a especialista. O corpo é capaz de se adaptar assim às novas condições impostas pelo desenvolvimento humano.

Hoje, a substituição da escrita cursiva pela digital se apresenta como um processo natural - e não necessariamente um problema. “A escrita digital predomina na maioria dos trabalhos da esfera profissional. Por isso, o investimento no ensino da letra cursiva para essa função está cada vez mais em desuso”, explica à revista Maria Jose Nóbrega, filóloga e assessora da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

A escrita manual ainda desempenha algumas funções que não foram substituídas pela digital. Uma letra bonita, em um caderno arrumado, é claro, também ensina conceitos de organização.